Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

Perder es Cuestión de Método **

19.07.05, Rita

Realização: Sergio Cabrera. Elenco: Daniel Giménez Cacho, Martina García, César Mora, Víctor Mallarino, Sain Castro, Jairo Camargo, Humberto Dorado, Mimi Lazo, Gustavo Angarita. Nacionalidade: Colômbia / Espanha, 2004.





Para o realizador de “Perder es cuestión de método”, Sergio Cabrera, a corrupção é uma das principais ameaças à democracia na Colômbia. A adaptação do livro homónimo de Santiago Gamboa, feita pelo argumentista argentino Jorge Goldemberg, inicia-se com a decoberta, plea polícia de um cadáver empalado num bosque perto de Bogotá. Víctor (Daniel Giménez Cacho, “La Mala Educación”), um jornalista cheio de bom coração, tenta desvendar o sucedido, contando com a ajuda do irmão da vítima, Estupiñan (César Mora), e de uma jovem prostituta, Quica (Martina García). Mas, para isso, terão de enfrentar os interesses de políticos, empresários e proxenetas, no meio de um golpe imobiliário.


Cabrera usa o cimento de Bogotá como cenário para criticar uma justiça que em vez de limitar o poder se converte no seu reflexo. Onde a corrupção deixa de ser uma consequência da pobreza económica e política para se tornar na sua perpetuação. Mas Cabrera quer também lutar contra o conformismo e passividade de todos os que aceitam esta manipulação.


A apresentação das personagens é feita de uma forma ágil e cuidada no início do filme. No entanto, com o desenrolar da história a narrativa complica-se de uma forma descoordenada em torno da escritura de terrenos. Para salvar-se, Cabrera refugia-se no enredo secundário de cariz sexual. No final, ficamos sem perceber onde o realizador queria chegar com tudo isto. Para quem se propõe falar de um assunto de relevo, Cabrera trata o tema com demasiada ligeireza e até mesmo paródia. Para isso, contribuem bastante as caricaturas em que as interpretações se deixam cair.


“Perder es cuestión de método” apresenta-se como um thriller, mas fica por transmitir as emoções a que se propõe. Vale a intenção: de retratar a solidariedade dos desafortunados face à crueldade dos poderosos, de falar dos que ainda acreditam nalguma justiça, que estão dispostos a lutar contra tudo, e que, apesar da saberem que estão condenados à derrota, metodicamente, perdem.


A música “Untados” do grupo colombiano ATERCIOPELADOS serve de moldura a este quadro.





CITAÇÕES:


“Perdí. Siempre perdí. No me irrita ni preocupa. Perder es una cuestión de método.”
LUIS SEPÚLVEDA

“Las batallas contra las mujeres son las únicas que se ganan huyendo.”
NAPOLEÃO


UNTADOS
de Aterciopelados


En el país del sagrado corazón
a nadie se le puede dar absolución
cuando el billete es emperador
ya no hay decencia que valga no hay honor
la horrible ley de la selva de cemento
supervivencia para el más violento
honor y escrúpulos son un invento
de un pasado lejano polvoriento

Coro:
todos estamos untados
todos estamos involucrados
todos estamos armados
queremos harto billete de contado

Aquí no quedan inocentes
todos aquí somos delincuentes
los hay de muchos pelambres y colores
de cuello blanco
esos son los peores
aquí política es sinónimo de robo
millonarios sueldos y papayas de oro
animal social como leones
es la presa riqueza somos depredadores