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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

Les Poupées Russes ***

25.09.05, Rita

Realização: Cédric Klapisch. Elenco: Romain Duris, Kelly Reilly, Audrey Tautou, Cécile De France, Kevin Bishop, Evguenya Obraztsova, Irene Montalà, Gary Love, Lucy Gordon, Aïssa Maïga, Martine Demaret, Federico D'Anna, Barnaby Metschurat, Christian Pagh, Cristina Brondo. Nacionalidade: França / Reino Unido, 2005.





Ao contrário da bi-logia de “Before Sunrise” e “Before Sunset” (Richard Linklater, 1995 e 2004), que fazia todo o sentido, esta sequela da “A Residência Espanhola” (2002) é desprovida de necessidade e, consequentemente, de impacto. A grande diferença parece residir no facto de Jesse e Celine terem crescido, e Xavier não.


Klapisch enamorou-se das personagens que criou em “A Residência Espanhola”, onde Xavier (Duris) viveu a experiência de fazer o programa Erasmus em Barcelona, e onde conheceu Wendy (Reilly), William (Bishop), Isabelle (De France), Alessandro (D'Anna), Tobias (Metschurat), Lars (Pagh) e Soledad (Brondo), mas marcou as suas preferências, relegando a maioria deles para a parte final, a título quase decorativo. Mas em vez de deixar Xavier amadurecer, empurrou-o para uma vida que só parece adulta à superfície.


A acção divide-se agora entre Paris, Londres e São Petersburgo, entre o trabalho de Xavier e o casamento de William. A insatisfação de Xavier com a sua vida profissional e amorosa é aqui tratada como se os 30 anos dele fossem ainda os 20 e poucos, tudo muito limpo, ligeiro e sem dramas. Sem marcadas diferenças com o comportamento imaturo de Xavier em “A Residência Espanhola”, Klapisch foca quase apenas as suas relações com as mulheres. As tais “bonecas russas”, que, umas dentro das outras, vão tendo a essência do que ele verdadeiramente procura.


Klapisch tem aqui uma história muito fraca, que ele potencia com detalhes de realização verdadeiramente bons e com um argumento ágil e fragmentado que lhe dá o ritmo pop. Duris e Reilly dão o toque necessário, mas não suficiente.


Tudo isto se poderia passar com quaisquer outras personagens, isto é, se fosse mesmo necessário contar esta história. Não era preciso manchar a nossa imaginação. Mas suponho que valia mais a pena capitalizar nas bilheteiras com o sucesso do filme anterior. “Les Poupées Russes” ‘canibaliza’ o seu antecessor, alimentando-se da sua energia e retirando-lhe força. Vazio por vazio, preferia o do desconhecido.