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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

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CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

X-Men Origins: Wolverine **

13.05.09, Rita

Realização: Gavin Hood. Elenco: Hugh Jackman, Liev Schreiber, Danny Huston, Will i Am, Lynn Collins, Kevin Durand, Dominic Monaghan, Taylor Kitsch, Daniel Henney , Ryan Reynolds, Scott Adkins, Tim Pocock. Nacionalidade: Austrália / EUA / Canadá, 2008.





“X-Men Origins: Wolverine” poderia ser um bom filme de entretenimento, mas não é. Poderia adentrar-se na complexidade emocional de uma das personagens mais interessantes da Banda Desenhada da Marvel, mas limita-se apenas a um rol de “factos” ao qual falta coerência narrativa, reduzindo o seu protagonista a um arco evolutivo quase inexistente.


O Canadá do século XIX é o cenário da infância de James. Um trágico incidente fá-lo, no mesmo momento, descobrir os seus fantásticos poderes e matar aquele que afinal era o seu pai biológico. Em pânico, foge com o seu (meio)irmão Victor Creed. Em seguida, James, agora Logan (Hugh Jackman), e Victor (Liev Schreiber) estão ambos a lutar na Guerra Civil Americana, depois na II Guerra Mundial e ainda na Guerra do Vietname. Os poderes de ambos tornam-nos invencíveis, sobrevivendo até a fuzilamentos (à semelhança dos ‘Imortais’ também eles deixam de envelhecer).


William Stryker (Danny Huston), um agente do governo, recruta-os para uma equipa de mutantes composta por Wade Wilson (Ryan Reynolds), Frederick Dukes (Kevin Durand) e John Wraith (Will.i.Am). Nas diversas missões secretas em países do terceiro mundo, a violência de Victor torna-se cada vez mais descontrolada. Revoltado com os bárbaros métodos de ataque, Logan acaba por abandonar o grupo, refugiando-se nas montanhas do Canadá, trabalhando como lenhador e vivendo em paz com a namorada Kayla (Lynn Collins), uma romântica professora.


Passados 5 anos, Victor, transformado já na personalidade de Sabretooth, regressa para chamar a atenção de Logan da pior maneira possível: matando Kayla. Movido pela vingança, Logan transforma-se em Wolverine (a cena de atribuição deste epíteto é de um mau gosto delicodoce impressionante!), e, novamente nas mãos de Striker, recebe o seu famoso esqueleto de adamantium.


Os X-Men como grupo são uma metáfora para a intolerância perante tudo o que é diferente. Wolverine, em particular, concentra a dualidade entre os instintos animais e a educação cordial, frustrando-se com a escolha de um em detrimento do outro, debatendo-se constantemente com a sua consciência moral.


No argumento de David Benioff e Skip Woods, Wolverine não se debate com dúvidas, não fosse o espectador ser incapaz de se compadecer de um herói que cometa erros. Ele é tão unidimensional como o seu vilão, e nem dois actores capazes como Jackman e Schreiber conseguem dar consistência às súbitas mudanças de estado de espírito, à falta de ligação emocional entre os dois e à falta de verosimilhança das suas acções. Em vez disso, temos uma série de lutas sem sentido, como a luta de boxe com Dukes ou a do beco com Gambit (Taylor Kitsch).


Vencedor do Oscar para Melhor Filme em Língua Estrangeira (“Tsotsi”), Gavin Hood é competente com as cenas de acção, mas dificilmente se sustenta uma história, cuja mitologia está mais do que documentada, apenas nisso. Aos novatos sinto a obrigação de os reportar antes à trilogia dos X-Men, e nomeadamente ao patente afecto de Bryan Singer. “X-Men Origins: Wolverine” não passa de uma fraca mímica de sentimentos que não existem.






CITAÇÕES:


“If I learned anything about life, it's this: always play the hand your dealt.”
TAYLOR KITSCH (Gambit)