Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

Choke **

06.04.09, Rita

Realização: Clark Gregg. Elenco: Sam Rockwell, Anjelica Huston, Kelly Macdonald, Brad William Henke, Clark Gregg, Heather Burns, Joel Grey. Nacionalidade: EUA, 2008.





“Choke” é a segunda adaptação de um livro de Chuck Palahniuk, autor também de “Clube de Combate” (David Fincher, 1999) − “Survivor” e “Lullaby” parecem estar igualmente na forja −, mas ao contrário de “Fight Club” que traduz e amplifica todo o universo perturbado de Palahniuk, a “Choke” falta-lhe uma boa quantidade de alma.


Com muito menos desespero e tristeza que o livro (sou uma fã confessa do autor americano), “Choke” conta-nos a história de Victor (Sam Rockwell), um homem viciado em sexo que todos os dias se mascara para trabalhar num parque temático da América colonial do século XVIII. Regularmente, Victor costuma escolher um restaurante, diferente de cada vez, onde, após escolher cuidadosamente uma “vítima” abastada, finge asfixiar-se. Começando por partilhar do êxtase dos esforços altruístas e heróicos de outros, Victor capitaliza na sua bondade, e na crença supersticiosa segundo a qual quando se salva a vida a alguém fica-se responsável por ela, para conseguir que os seus salvadores (organizados numa mailing list que ele vai alimentando com histórias tristes) lhe enviem dinheiro.


Quando percebemos que Victor usa esse dinheiro para pagar o dispendioso lar onde se está a sua mãe (Anjelica Huston), que raramente o reconhece nas suas muitas e constantes visitas, começamos a ter pena dele. De repente, este pulha desprezível e amoral é apenas fruto de uma infância infeliz e sem afecto, que ele procura substituir de uma forma doentia, vivendo sob o jugo de uma autoridade materna totalmente castradora (a verdadeira asfixia).


O tom de comédia, ampliado pelas personagens de Denny (Brad William Henke) e da enfermeira Paige (Kelly Macdonald), é aqui levado demasiado à letra, perdendo-se o caminho tortuoso que Victor faz da auto-comiseração à compreensão de si mesmo. “Choke” retém, no entanto, o predomínio do conhecimento sobre a transformação. Porque quando não existe vontade, a mudança não é consistente, nem, em boa verdade, possível. E Victor é daqueles que não mudam.


Não fosse pela força centrípeta de Sam Rockwell, o argumento e a realização a cargo do também actor Clark Gregg ter-nos-iam deixado bastante indiferentes. Mesmo através dos frequentes flashbacks parecem contribuir muito pouco para dar a devida densidade à personagem. O tom de absurdo superficial, que deveria esconder uma verdade irónica, acaba por nunca se materializar.


Quanto à leitura do livro, sugiro-a sem hesitações.






CITAÇÕES:


“And you're right-I'm pathetic. I have sex with strangers because I'm incapable of doing it with someone I actually like. I can't even ask anyone out on a date because if it doesn't end up in a high speed chase, I get bored. I've kept myself numb for so long that now I actually want to feel something and I can't because no matter where I go, no matter what I do, I always end up back here with you. I need to break up, Ma.”
SAM ROCKWELL (Victor)




















1 comentário

Comentar post