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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

Le Rôle de sa Vie ***

11.10.05, Rita

Realização: François Favrat. Elenco: Agnès Jaoui, Karin Viard, Jonathan Zaccaï, Marcial Di Fonzo Bo, Claude Crétient, Laurent Lafitte, Denis Sebbah. Nacionalidade: França, 2004.





Numa sala de cinema, Claire Rocher (Karin Viard, “Le Couperet”) comove-se com a prestação da sua actriz preferida, Elisabeth Becker (Agnes Jaoui, “Les Goût des Autres”, “Comme Une Image”). Claire trabalha numa revista, onde conhece Elisabteh um pouco por acaso. A relação entre as duas inicia-se com uma fascínio mútuo: de Claire pelo sucesso e a aura de Elisabeth; de Elisabeth pela humildade e eficiência de Claire. Elisabeth convida Claire para ser sua assistente pessoal e Claire não hesita em aceitar.


Claire tem uma paixão escondida pelo jardineiro paisagista que trabalha na sua empresa, Mathias (Jonathan Zaccaï) e, sem saber, recomendando-o a Elisabeth, dá início ao romance entre eles os dois.


Ao longo do filme vamos entrando em contacto com o mundo de ambas, com as suas forças e as suas fraquezas. Claire procura afirmar-se, enquanto Elisabeth tenta apreciar os prazeres mais básicos da vida, mas com o tempo tornou-se vítima do seu meio. Arrogante e caprichosa na sua pose de diva, Elisabeth começa a representar assim que sai de casa, porque a sua vida é uma papel. Em dado momento, a mãe de Elisabeth chama-lhe Isabel, revelando que até o seu nome faz parte dessa personagem.


Claire, no seu carácter tímido, servil, apologético, sempre preocupada com os outros, acede a ser a presa da personalidade vampiresca de Elisabeth. Mas, a dinâmica entre as duas irá desenvolver-se de uma forma subtil e peculiar, numa gestão periclitante do equilíbrio entre o dar e o receber.


Os três actores principais entram confortavelmente nos seus papéis, com as nuances necessárias para desmontar os estereótipos. No entanto, François Favrat deveria ter arriscado mais na exploração da solidão e a frustração destas duas mulheres.


Nas relações de dependência existem sempre dois culpados, que mantém o círculo vicioso. A definição de sucesso deve vir de dentro de nós, não do exterior. E a serenidade, essa, é bem mais difícil de atingir.