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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

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CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

The Curious Case of Benjamin Button ***1/2

23.01.09, Rita

Realização: David Fincher. Elenco: Brad Pitt, Cate Blanchett, Taraji P Henson, Tilda Swinton, Jason Flemyng, Elias Koteas, Julia Ormond, Jared Harris, Elle Fanning, Mahershalhashbaz Ali. Nacionalidade: EUA, 2008.





Desde o início de “The Curious Case of Benjamin Button” percebemos não estar perante o conto de F. Scott Fitzgerald, situado na Baltimore do início dos anos 20. É 2005, em New Orleans, na iminência do furacão Katrina. Num quarto de hospital, uma mulher (Julia Ormond) lê um diário à sua mãe moribunda (Cate Blanchett). Naquelas páginas está a juventude da sua mãe, entrelaçada na vida de um homem único, de seu nome Benjamin Button (Brad Pitt). Benjamin nasce no final da Grande Guerra. Apesar do seu tamanho e capacidades mentais serem as de um recém-nascido, Benjamin tem a pele enrugada de um velho, a artrite e a fraca condição física de um homem idoso. Abandonado pelo pai (Jason Flemyng), Benjamin é criado por Queenie (Taraji P Henson), responsável por uma residência de idosos, onde, nos primeiros anos de vida (e contra todos os prognósticos), Benjamin encaixa na perfeição. À medida que vai crescendo, Benjamin vai rejuvenescendo, em sentido contrário a todos os outros. Em sentido contrário também a Daisy (Elle Fanning), neta de uma residentes do lar, por quem Benjamin sente uma ligação especial.


Num longo flashback, o argumento de Eric Roth (“The Good Shepherd”, “Munique”) usa a mesma premissa fantástica de Fitzgerald para logo se afastar dele quer no contexto da vida familiar de Benjamin, quer do seu crescimento. “The Curious Case of Benjamin Button” centra-se na procura que Benjamin faz de um sentido para a sua especificidade. Uma diferença que o impede de estabelecer relações duradouras e o deixa à deriva. No conto, a sua idade cruza-se em determinado ponto com a do seu pai, posteriormente com a do seu filho e, finalmente, com a do seu neto, criando com cada um deles uma relação real. Aqui Daisy é o eixo em torno do qual Benjamin gravita, como se ela fosse o único ponto possível de contacto com a realidade.


Incongruências à parte, “The Curious Case of Benjamin Button” está belissimamente filmado, impregnado de fatalismo e sob o espectro da mortalidade. Para percebermos que o percurso de Benjamin é, em essência, igual ao de todos os outros. Também ele nasceu indefeso, e também recusa, no final, ser um fardo para aqueles que ama. A grande falha do argumento de Roth é fugir ao confronto da idade de Benjamin com a realidade que o rodeia.


Apesar da sua complexidade técnica (e do impressionante trabalho de caracterização e efeitos especiais), este é um filme simples. A realização de David Fincher (“Fight Club”, “Zodiac”) é contida e sem sentimentalismo. As interpretações são honestas. Cate Blanchett nunca esteve tão bonita, e Brad Pitt conseguiu o tom perfeito de uma personagem que, apesar das suas extraordinárias circunstâncias, é extraordinariamente normal.


David Fincher nunca foi tão poético, tão romântico, tão afectuoso, tão clássico como aqui. Mas é exactamente por isso que não me apetece que ele seja contemplado com um Oscar por este filme, apesar da sua qualidade. Porque o seu olhar e as suas obras conseguem ser bem mais viscerais e a “The Curious Case of Benjamin Button” falta uma boa dose de paixão.


A vida é, por definição, um conjunto de imensas improbabilidades. Primeiro as históricas e depois as biológicas. O amor é só mais uma. É apenas um momento, hoje, como um relâmpago. Um pequeno incidente que, se tivermos sorte, nunca esqueceremos.






CITAÇÕES:


“We're meant to lose the people we love. How else are we supposed to know how important they are?”
PAULA GRAY (Sybil Wagner)

“Your life is defined by its opportunities... even the ones you miss.”
BRAD PITT (Benjamin Button)

“Daisy – Would you still love me if I were old and saggy?
Benjamin Button – Would you still love ME if I were young and had acne? Or if I end up wetting the bed?”
CATE BLANCHETT (Daisy) e BRAD PITT (Benjamin Button)


“I'm always lookin' out my own eyes.”
BRAD PITT (Benjamin Button)

“For what its worth it's never too late, or in my case too early to be whoever you want to be. There's no time limit. Start whenever you want. You can change or stay the same. There are no rules to this thing. We can make the best or the worst of it; I hope you make the best of it. I hope you see things that startle ya. I hope you feel things that you've never felt before. I hope you meet people with a different point of view. I hope you live a life you are proud of. If you find that you're not, I hope you have the strength to start all over again.”
BRAD PITT (Benjamin Button)

“Along the way you bump into people who make a dent on your life. Some people get struck by lightning. Some are born to sit by a river. Some have an ear for music. Some are artists. Some swim the English Channel. Some know buttons. Some know Shakespeare. Some are mothers. And some people can dance.”
BRAD PITT (Benjamin Button)

























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