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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

Flores de Otro Mundo ***

16.07.08, Rita

Realização: Icíar Bollaín. Elenco: José Sancho, Luis Tosar, Lissete Mejía, Chete Lera, Marilyn Torres, Elena Irureta, Amparo Valle, Rubén Ochandiano. Nacionalidade: Espanha, 1999.





Santa Eulalia é uma pequena povoação cuja população tem vindo a diminuir. Como medida para combater a falta de esposas, os homens juntaram dinheiro e mandaram vir uma caravana de mulheres, na tentativa de encontrarem uma companheira. Nessa caravana encontra-se Patricia (Lissete Mejía), originária da República Dominicana em busca de uma vida melhor para os seus filhos, e Marirrosi (Elena Irureta), uma enfermeira divorciada de Bilbao. Damián (Luis Tosar), um jovem agricultor, encanta-se por Patricia, enquanto Alfonso (Chete Lera), dono de um viveiro, inicia uma relação à distância com Marirrosi. Carmelo (José Sancho), construtor civil, não escolhe nenhuma, porque numa questão de meses trará a sua cubana Milady (Marilyn Torres) para viver consigo.


Ainda antes do grande “Te Doy Mis Ojos”, Icíar Bollaín tinha realizado este “Flores de Otro Mundo”, cujo argumento foi co-escrito com o escritor Julio Llamazares, e que se encontra igualmente marcado por uma atenção aos detalhes mais realistas.


Abordando temas pesados como a imigração e o choque cultural, o racismo e a solidão, “Flores de Otro Mundo” tem a quantidade exacta de humor subtil para que nenhum destes temas seja levado a um extremo de dramatismo. Até as relações afectivas são desprovidas da solução fácil do romantismo.


Vencedor de um Prémio da Crítica na edição de 1999 do Festival de Cannes, Bollaín fala da extrema necessidade de ser-se amado, por amigos, por um companheiro, por uma família. Da destabilização emocional que é sair da nossa própria terra (seja ela um país, uma cidade ou um universo pessoal). Das formas erradas que uma relação amorosa pode assumir: pela distância, pela mentira, pelo peso do passado, pelo desajuste de expectativas.


Partir nem sempre é garantia de que se vai conseguir preencher o vazio que se deixou para trás. Mas, mesmo sem certezas, devemos a nós mesmos a luta pela possibilidade desse final feliz.