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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull ***

04.06.08, Rita

Realização: Steven Spielberg. Elenco: Harrison Ford, Cate Blanchett, Karen Allen, Shia LaBeouf, Ray Winstone, John Hurt, Jim Broadbent, Igor Jijikine. Nacionalidade: EUA, 2008.





A necessidade do regresso de Indiana Jones após 19 anos é discutível, mas agora que ele cá está não nos resta mais do que reentrar no universo criado por George Lucas e Steven Spielberg. A tentação de comparar “Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull” com qualquer um dos anteriores – “Raiders of the Lost Ark” (1981), “Temple of Doom” (1984), “Last Crusade” (1989) – é inevitável, mas para tirar esse assunto da frente refiro desde já que não defraudará os fãs mais acérrimos. Mas também não será suficiente para convencer quem não aprecia o género.


Em 1957, num clima já de Guerra Fria e caça às bruxas nos EUA, Indiana Jones (Harrison Ford, do alto dos seus 65 anos) e o seu companheiro Mac McHale (Ray Winstone) são capturados pela soviética Irina Spalko (Cate Blanchett). O seu obectivo é que eles encontrem uma caixa num armazém militar cujo conteúdo é altamente magnético. Este elemento e o desaparecimento do colega de Indiana Jones, o Professor Oxley (John Hurt) e de Marion Ravenwood (Karen Allen) - a namorada de Indiana no primeiro filme -, conduzem-no ao coração do Amazonas, onde é acompanhado pelo filho rebelde de Marion, Mutt Williams (Shia LeBeouf).


O argumento de David Koepp (“Panic Room”, “Spider-Man”, “War of the Worlds”), com base numa história de George Lucas e Jeff Nathanson, consegue incluir tudo o que se poderia esperar (e mais): os comunistas russos recuperados como maus da fita, cenas de perseguição, cavernas subterrâneas cheias de ouro, formigas carnívoras, mergulhos em cataratas monumentais, esgrima a alta velocidade entre duas pessoas empoleiradas cada uma delas em cima de um carro, furões e macacos com sentido de humor, uma referência a Marlon Brando e (finalmente!) a explicação para os extraterrestres.


A transição entre o misticismo presente dos filmes anteriores e a ficção científica não é pacífica, mas a tecnologia actual é demasiado tentadora para ser desperdiçada. E o espectáculo visual é a batuta que comanda esta orquestra. Mas os cenários deslumbrantes não obnubilam as lutas excessivamente coreografadas, a galopante incredulidade (pergunto-me quem se terá lembrado de fazer estradas paralelas no meio da floresta tropical?) ou o abuso do humor ao ponto do ridículo.


Nem Spielberg nem Lucas capitalizam no envelhecimento do herói. A idade poderia conduzir a maior fragilidade e a situações potencialmente interessantes, mas em nenhum momento Indiana Jones parece correr verdadeiro perigo. Nesta viagem nostálgica vale sobretudo a boa química entre Ford e LaBeouf.


O derradeiro julgamento será feito pelo tempo, mas suspeito que qualquer regresso ao passado beneficiará mais das obras da década de 80 do que deste “ Kingdom of the Crystal Skull”.






CITAÇÕES:


“You fight like a young man; eager to start and quick to finish.”
CATE BLANCHETT (Irina Spalko)

“How much of human life is lost in waiting?”
JOHN HURT (Professor Oxley)