Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

Saldo (não saldos)

30.12.07, Rita

ALIGN=CENTER>Por um ano de coisas boas.


SRC=http://fotos.sapo.pt/almeida_rita/pic/000595sr>



COLOR=#BBBBBB>JANEIRO

BABEL, de Alejandro González Iñárritu

COLOR=#BBBBBB>FEVEREIRO

DAS LEBEN DER ANDEREN – AS VIDAS DOS OUTROS, de Florian Henckel von Donnersmarck

COLOR=#BBBBBB>MARÇO

LETTERS FROM IWO JIMA, de Clint Eastwood

COLOR=#BBBBBB>ABRIL

IKLIMER - CLIMAS, de Nuri Bilge Ceylan
IL CAIMANO, de Nanni Moretti
THE FOUNTAIN, de Darren Aronofsky

COLOR=#BBBBBB>MAIO

ZODIAC, de David Fincher

COLOR=#BBBBBB>JUNHO

TAXIDERMIA, de György Pálfi

COLOR=#BBBBBB>JULHO

DEATH PROOF, de Quentin Tarantino

COLOR=#BBBBBB>AGOSTO

RATATTOUILLE, de Brad Bird

COLOR=#BBBBBB>SETEMBRO

PLANET TERROR, de Robert Rodriguez

COLOR=#BBBBBB>OUTUBRO

LE SCAPHANDRE ET LE PAPILLON, de Julian Schnabel
PERSÉPOLIS, de Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud

COLOR=#BBBBBB>NOVEMBRO

CONTROL, de Anton Corbijn

COLOR=#BBBBBB>DEZEMBRO

EASTERN PROMISES, de David Cronenberg


































12:08 A Este de Bucareste ***

17.12.07, Rita

ALIGN=JUSTIFY>T.O.: A fost sau n-a fost? Realização: Corneliu Porumboiu. Elenco: Mircea Andreescu, Teodor Corban, Ion Sapdaru, Mirela Cioaba, Luminita Gheorghiu, Constantin Dita, Cristina Ciofu. Nacionalidade: Roménia, 2006.


SRC=http://www.cinemagia.ro/getimg.php?id=16123&size=m WIDTH=500>


ALIGN=JUSTIFY>A 22 de Dezembro de 1989, às 12h08 o ditador romeno Nicolae Ceausescu abdicou do poder e fugiu num helicóptero ao mesmo tempo que o palácio presidencial era invadido por protestantes. 16 anos passados do fim do reinado do comunismo na Roménia, numa pequena cidade da província a leste de Bucareste, o director de uma televisão local, Virgil Jderescu (Teodor Corban), decide fazer um debate analisando se houve ou não revolução naquela cidade (a tradução do título original é “Houve ou não houve?”), sendo determinante saber se as pessoas foram para a rua manifestar-se antes ou depois das 12h08.

ALIGN=JUSTIFY>Depois do cancelamento da comparência dos convidados originais, ele resolve manter o debate improvisando dois novos convidados: Tiberiu Manescu (Ion Sapdaru), um professor de história alcoólico e cheio de dívidas que afirma ter estado na praça central da cidade bem antes da hora referida; e Emanoil Piscoci (Mircea Andreescu) um idoso reformado mas não conformado, que costuma fazer de Pai Natal para as crianças do bairro.

ALIGN=JUSTIFY>Metade do filme serve para contextualizar as personagens, através de cenas simples mas reveladoras, acompanhado uma normalidade que transpira a amargura. Entre predadores capitalistas e perdedores conformados, aquele marco histórico parece ter gerado pouco mais que esperanças. A segunda parte do filme, o debate propriamente dito - filmado numa longa e angustiante sequência -, e no qual se incluem chamadas dos espectadores, acaba por se tornar num sério e agressivo interrogatório, ao contrário do esperado (um desespero e desilusão que é impossível descolar da própria realidade romena).

ALIGN=JUSTIFY>“12:08 A Este de Bucareste” fala da forma como a memória e os mitos que se constroem podem moldar a verdade histórica. Na recusa de se verem condenados a meros espectadores dos eventos que alteram as suas vidas, estes homens confortam-se numa relevância fictícia: Manescu orgulha-se de ter participado num momento determinante, da mesma forma que Jderescu sente estar a fazer algo importante ao evocar a data histórica no seu programa.

ALIGN=JUSTIFY>Em “12:08 A Este de Bucareste” até a dramatização que é a televisão é apresentada com honestidade. O elemento cómico e agridoce desta sátira deriva, não de saber quão revolucionária foi aquela cidade, mas do desejo, profundamente humano, de combater a letargia e a solidão. Corneliu Porumboiu usa o papel de forma simbólica, quando, nas mãos de Manescu o desfaz em pequenos pedaços e, nas mãos de Piscoci constrói barcos. Mas se esta calma não significar passividade, pode também ser que o cepticismo dos romenos não tenha ainda dado lugar ao cinismo. E como as luzes da rua se vão acendendo no início da noite, talvez o futuro traga consigo as ansiadas respostas (conquanto façamos as perguntas certas).

ALIGN=JUSTIFY>Independentemente do veredicto, que é deixado aos espectadores (do debate televisivo dentro do filme e a nós, os do filme propriamente dito), houve um país - e muitas pequenas cidades - que, para o melhor ou para o pior, mudaram. E se, no final, resta a dúvida sobre a dimensão dessa mudança, uma coisa é certa: o cinema romeno está, de uma forma gradual e consistente, a ganhar força no panorama mundial. A par desta primeira longa-metragem de Corneliu Porumboiu, vencedor da Caméra d’Or em Cannes em 2006, são também bons exemplos o recente “The Death of Mr. Lazarescu” de Cristi Puiu, e a Palma de Ouro deste ano, “4 Luni, 3 Saptamani si 2 Zile” de Cristian Mungiu (que conta também com as participações de Teodor Corban e Ion Sapdaru).








Lions For Lambs ****

16.12.07, Rita

ALIGN=JUSTIFY>Realização: Robert Redford. Elenco: Robert Redford, Meryl Streep, Tom Cruise, Michael Peña, Derek Luke, Andrew Garfield, Peter Berg, Kevin Dunn. Nacionalidade: EUA, 2007.


SRC=http://us.movies1.yimg.com/movies.yahoo.com/images/hv/photo/movie_pix/united_artists/lions_for_lambs/_group_photos/tom_cruise1.jpg>


ALIGN=JUSTIFY>O primeiro lançamento da nova United Artists sob a gestão de Tom Cruise aborda o fracasso da chamada guerra ao terror da administração Bush que, sem ganho para a nação, tem custado a vida a milhares de soldados americanos. O argumento de Matthew Michael Carnahan (autor de “The Kingdom”) tem uma abordagem tripartida, cada uma delas apresentada por um par de personagens.

ALIGN=JUSTIFY>Na vertente política está o Senator Jasper Irving (Tom Cruise), uma nova força no Partido Republicano, que concede uma entrevista exclusiva à jornalista (liberal e céptica) Janine Roth (Meryl Streep) sobre uma nova estratégia que permitirá ganhar a guerra ao terror. Do lado filosófico está Stephen Malley (o próprio Redford), professor numa universidade na Califórnia, que chama ao seu gabinete o aluno Andrew Garfield (Todd Hayes) para discutir as recorrentes faltas às suas aulas de Ciência Política, e lhe contar a história de Ernest Rodriguez (Michael Pena) e Arian Finch (Derek Luke), dois seus antigos alunos. São eles os protagonistas da vertente mais real, já como soldados numa ofensiva militar nas montanhas nevadas do Afeganistão, tentam ocupar um ponto estratégico, no âmbito do novo plano delineado nas mesas de Washington.

ALIGN=JUSTIFY>“Lions For Lambs” é um filme politicamente inflamado, com diálogos poderosos, impregnados de paixão e convicção. Inteligente e provocador, “Lions For Lambs” olha de perto diversas instituições da sociedade americana (política, educação, media), questionando o papel dos EUA como “polícias do mundo” e as suas acções como “força do bem”, chamando a atenção dos cidadãos mergulhados em cinismo e apatia, e instigando-os a empenharem-se (da mesma forma que Malley tenta fazer com Andrew, para que ele use o seu - frágil porque fugaz - potencial).

ALIGN=JUSTIFY>“Lions For Lambs” é um filme denso, condensando uma elevada quantidade de informação e ideias, numa retórica quase infindável de perguntas e respostas. A acção decorre durante umas horas, nas quais são tomadas cruciais decisões militares, uma jornalista se debate entre uma forte matéria jornalística e a resignação ao satus quo, um jovem é confrontado com a possibilidade de fazer a diferença, e dois outros jovens tentam sobreviver perdidos e feridos no meio da montanha.

ALIGN=JUSTIFY>A montagem de Joe Hutshing é ágil e a fotografia de Philippe Rousselot cria ambientes de tonalidades distintas. E apesar de algumas soluções dramáticas previsíveis, como o passeio de Janine Roth ao longo do memorial às vítimas da guerra, Redford consegue algumas cenas de grande impacto emocional, como aquela em que Rodriguez e Finch revelam o seu alistamento no exército americano. “Lions For Lambs” tem também a seu favor três actores que estão ao seu melhor nível, incorporando personagens complexas.

ALIGN=JUSTIFY>“Lions For Lambs” sintetiza argumentos que têm sido lançados a favor e contra a política de defesa americana, marcando claramente a sua posição política e moral, criticando a cultura mediática que tem alimentado muita dessa política e apelando à responsabilidade pessoal. Neste tríptico existe sacrifício inútil, confronto e resignação, e uma vaga esperança. Alguns dos possíveis cenários da escolha (necessária, urgente?) entre ser-se leão ou cordeiro.


WIDTH=70% COLOR=#E90909 SIZE=1>


ALIGN=JUSTIFY>CITAÇÕES:

ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA>“Nowhere else have I seen such lions led by such lambs.”
ROBERT REDFORD (Professor Stephen Malley, citando um general alemão)


ALIGN=JUSTIFY>“But you're never going to be the same person you are right now. Promise and potential are very fickle.”
ROBERT REDFORD (Professor Stephen Malley)

ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA>“All I want to say is that you're an adult now. And the tough thing about adulthood is that it starts before you even know it starts. When you're already a dozen decisions into it.”
ROBERT REDFORD (Professor Stephen Malley)













Golden Globes 2008

13.12.07, Rita


SRC=http://cdn.goldenglobes.org/images/gg_header_2007.jpg WIDTH=500>


ALIGN=JUSTIFY>Os nomeados para a 65ª edição dos Golden Globe Awards já são do conhecimento público. As grandes decisões serão anunciadas a 13 de Janeiro de 2008. Aceitam-se apostas.



COLOR=#E90909>MELHOR FILME – DRAMA

“AMERICAN GANGSTER”, de Ridley Scott
“ATONEMENT”, de Joe Wright
“EASTERN PROMISES”, de David Cronenberg
“THE GREAT DEBATERS”, de Denzel Washington
“MICHAEL CLAYTON”, de Tony Gilroy
“NO COUNTRY FOR OLD MEN”, de Ethan Coen e Joel Coen
“THERE WILL BE BLOOD”, de Paul Thomas Anderson

COLOR=#E90909>MELHOR FILME - MUSICAL OU COMÉDIA

“ACROSS THE UNIVERSE”, de Julie Taymor
“CHARLIE WILSON’S WAR”, de Mike Nichols
“HAIRSPRAY”, de Adam Shankman
“JUNO”, de Jason Reitman
“SWEENEY TODD”, de Tim Burton


COLOR=#E90909>MELHOR ACTOR - DRAMA

GEORGE CLOONEY por “Michael Clayton”, de Tony Gilroy
DANIEL DAY-LEWIS por “There Will Be Blood”, de Paul Thomas Anderson
JAMES MCAVOY por “Atonement”, de Joe Wright
VIGGO MORTENSEN por “Eastern Promises”, de David Cronenberg
DENZEL WASHINGTON por “American Gangster”, de Ridley Scott

COLOR=#E90909>MELHOR ACTRIZ - DRAMA

CATE BLANCHETT por “Elizabeth: The Golden Age”, de Shekhar Kapur JULIE CHRISTIE por “Away From Her”, de Sarah Polley
JODIE FOSTER por “The Brave One”, de Neil Jordan
ANGELINA JOLIE por “A Mighty Heart”, de Michael Winterbottom
KEIRA KNIGHTLEY por “Atonement”, de Joe Wright


COLOR=#E90909>MELHOR ACTOR - MUSICAL OU COMÉDIA

JOHNNY DEPP por “Sweeney Todd”, de Tim Burton
RYAN GOSLING por “Lars and the Real Girl”, de Craig Gillespie
TOM HANKS por “Charlie Wilson’s War”, de Mike Nichols
PHILIP SEYMOUR HOFFMAN por “The Savages”, de Tamara Jenkins
JOHN C. REILLY por “Walk Ward: The Dewey Cox Story”, de Jake Kasdan

COLOR=#E90909>MELHOR ACTRIZ - MUSICAL OU COMÉDIA

AMY ADAMS por “Echanted”, de Kevin Lima
NIKKI BLONSKY por “Hairspray”, de Adam Shankman
HELENA BONHAM CARTER por “Sweeney Todd”, de Tim Burton
MARION COTILLARD por “La Vie en Rose”, de Olivier Dahan
ELLEN PAGE por “Juno”, de Jason Reitman

COLOR=#E90909>MELHOR ACTOR SECUNDÁRIO

CASEY AFFLECK por “The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford”, de Andrew Dominik
JAVIER BARDEM por “No Country For Old Men”, de Ethan Coen e Joel Coen
PHILIP SEYMOUR HOFFMAN por “Charlie Wilson’s War”, de Mike Nichols
JOHN TRAVOLTA por “Hairspray”, de Adam Shankman
TOM WILKINSON por “Michael Clayton”, de Tony Gilroy

COLOR=#E90909>MELHOR ACTRIZ SECUNDÁRIA

CATE BLANCHETT por “I’m Not There”, de Todd Haynes
JULIA ROBERTS por “Charlie Wilson’s War”, de Mike Nichols
SAOIRSE RONAN por “Atonement”, de Joe Wright
AMY RYAN por “Gone Baby Gone”, de Ben Affleck
TILDA SWINTON por “Michael Clayton”, de Tony Gilroy

COLOR=#E90909>MELHOR REALIZADOR

TIM BURTON por “Sweeney Todd”
ETHAN COEN e JOEL COEN por “No Country For Old Men”
JULIAN SCHNABEL por “Le Scaphandre et le Papillon”
RIDLEY SCOTT por “American Gangster”
JOE WRIGHT por “Atonement”

COLOR=#E90909>MELHOR ARGUMENTO

DIABLO CODY por “Juno”
ETHAN COEN e JOEL COEN por “No Country For Old Men”
CHRISTOPHER HAMPTON por “Atonement”
RONALD HARWOOD por “Le Scaphandre et le Papillon”
AARON SORKIN por “Charlie Wilson’s War”

COLOR=#E90909>MELHOR CANÇÃO ORIGINAL

DESPEDIDA – “Love in the Time of Cholera” (música de Shakira e Antonio Pinto; letra Shakira)
GRACE IS GONE – “Grace is Gone” (música de Clint Eastwood; letra de Carole Bayer Sager)
GUARANTEED – “Into The Wild” (música e letra de Eddie Vedder)
THAT’S HOW YOU KNOW – “Enchanted” (música de Alan Menken; letra de Stephen Schwartz)
WALK HARD – “Walk Ward: The Dewey Cox Story” (música e letra de Marshall Crenshaw, John C. Reilly, Judd Apatow e Kasdan)

COLOR=#E90909>MELHOR BANDA SONORA

MICHAEL BROOK, KAKI KING, EDDIE VEDDER por “Into The Wild”, de Sean Penn
CLINT EASTWOOD por “Grace is Gone”, de James C. Strouse
ALBERTO IGLESIAS por “The Kite Runner” de Marc Forster
DARIO MARIANELLI por “Atonement”, de Joe Wright
HOWARD SHORE por “Eastern Promises”, de David Cronenberg

COLOR=#E90909>MELHOR FILME NÃO INGLÊS

“4 LUNI, 3 SAPTAMANI SI 2 ZILE” (Roménia), de Cristian Mungiu
“LE SCAPHANDRE ET LE PAPILLON” (França/EUA), de Julian Schnabel
“THE KITE RUNNER” (EUA), de Marc Forster
“LUST, CAUTION” / “SE, JIE” (Taiwan), de Ang Lee
“PERSEPOLIS” (França), de Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud

COLOR=#E90909>MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO

“BEE MOVIE”, de Steve Hickner e Simon J. Smith
“RATATOUILLE”, de Brad Bird
“THE SIMPSONS MOVIE”, de David Silverman

COLOR=#E90909>PRÉMIO CECIL B. DeMILLE

Steven Spielberg


ALIGN=JUSTIFY>Restantes nomeações aqui.


































































































O que se vê lá por casa (viii)

12.12.07, Rita

ALIGN=CENTER>À boleia de um sofá. Até às estrelas.


SRC=http://www.thefancarpet.com/uploaded_assets/images/gallery/2478/The_Hitchhikers_Guide_to_the_Galaxy_47215_Medium.jpG>


ALIGN=CENTER>“THE HITCHHIKER'S GUIDE TO THE GALAXY” de Garth Jennings (2005)








Don't Come Knocking ***

08.12.07, Rita

ALIGN=JUSTIFY>Realização: Wim Wenders. Elenco: Sam Shepard, Jessica Lange, Tim Roth, Gabriel Mann, Sarah Polley, Fairuza Balk, Eva Marie Saint. Nacionalidade: França / Alemanha / EUA, 2005.


SRC=http://www.dontcomeknocking.com/movie/images/stills/WW8144_17-18.jpg WIDTH=500>


ALIGN=JUSTIFY>A primeira imagem de “Don't Come Knocking” faz lembrar uma máscara de papel, com dois buracos no lugar dos olhos e o céu como fundo. Mas trata-se, com efeito, de uma formação rochosa, certamente resultante de muitos anos de erosão.

ALIGN=JUSTIFY>Um cowboy cavalga em direcção ao horizonte, na árida e dura paisagem do deserto do Utah. Ele é Howard Spence (Sam Shepard), um actor em decadência, que decide abandonar o local de filmagens sem avisar ninguém. Na sua caravana fica pendurado um cartaz em que está escrito "Don't come knocking if the trailer's rocking". Howard quer ser deixado em paz, mas paz é exactamente aquilo que lhe falta e é em busca dela que Howard regressa ao Nevada, a casa da mãe (Eva Maria Saint) que não vê há 30 anos. Ela guarda um álbum de recortes que acompanha o percurso de escândalos de drogas, bebida e mulheres que foi a vida de Howard. Ele vê aquilo como se se tratasse de um estranho. Nesse encontro, Howard fica a saber pela sua mãe que tem um filho. Decidido a encontrá-lo, ele volta a Butte, Montana, lugar onde, muitos anos atrás, ele tinha feito um dos seus filmes mais famosos, e onde se tinha envolvido com Doreen (Jessica Lange), uma empregada de mesa. Aí ele encontra Sky (Sarah Polley), uma jovem que se faz acompanhar da urna da sua recentemente falecida mãe. Na peugada de Howard está também Sutter (Tim Roth), um funcionário da seguradora responsável pelo cumprimento do contrato cinematográfico de Howard e encarregue de o fazer voltar ao Utah.

ALIGN=JUSTIFY>Numa cidade quase fantasma, o silêncio e o espaço apelam à meditação como caminho para alcançar a paz interior. Exemplo disso é a noite passada por Howard ao relento em frente à casa de Earl (Gabriel Mann), o filho de Doreen. Numa narrativa circular, é estabelecida a ponte entre um passado perdido e um futuro que se apresenta caótico. Mas enquanto a mãe de Howard não lhe guarda qualquer ressentimento, o mesmo não sucede com Earl. É sobre esse presente que Howard se vê obrigado a agir. Com autenticidade e ternura, Shepard faz de Howard um ser complexo e envolvente, ainda que imaturo no seu envelhecimento e pouco convincente no seu arrependimento.

ALIGN=JUSTIFY>Wim Wenders (“Land of Plenty”) recupera a ambiência de “Paris, Texas” (1984), também com argumento de Sam Shepard e com uma personagem obrigada a enfrentar o seus demónios interiores. Mas é melhor terminar por aí com as comparações, porque se Howard consegue remediar parte dos seus erros, o regresso de Wenders ao seu passado pouco ou nada acrescenta à pérola que anteriormente nos tinha sido dada. O que não quer dizer que o filme seja um desperdício, nunca o seria com este elenco, onde se destaca a impressionante química do casal Shepard e Lange (juntos desde 1982) e a sensibilidade de Poley, nem com esta estética, onde Wenders, com a fotografia de Franz Lustig, volta a evocar o universo romântico e nostálgico do pintor Edward na força dos verdes, vermelhos e amarelos.


WIDTH=70% COLOR=#E90909 SIZE=1>


ALIGN=JUSTIFY>CITAÇÕES:

ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA>“Nothing that happened back then happened.”
SAM SHEPARD (Howard Spence)












Paranoid Park ***

06.12.07, Rita

ALIGN=JUSTIFY>Realização: Gus Van Sant. Elenco: Gabe Nevins, Taylor Momsen, Jake Miller, Dan Liu, Lauren McKinney, Scott Green. Nacionalidade: França / EUA, 2007.


SRC=http://us.movies1.yimg.com/movies.yahoo.com/images/hv/photo/movie_pix/ifc_films/paranoid_park/gabe_nevins/paranoid2.jpg>


ALIGN=JUSTIFY>Alex (Gabe Nevins) é um jovem skater de Portland com um namoro morno com Jennifer (Taylor Momsen), uma cheerleader indecisa em começar a sua vida sexual. Aliás, “morno” será a palavra que melhor descreve a relação de Alex com o mundo que o rodeia. Passivo e apático, ele é o produto de uma família desfeita. Sem um modelo moral, quer em casa quer na escola, a Alex faltam-lhe interlocutores com quem partilhar as angústias da sua busca de identidade. Paranoid Park, um recinto ilegalmente construído para a prática de skate, é o epíteto da libertação, ainda que temporária, das restrições e preocupações da realidade, através do desafio da gravidade.

ALIGN=JUSTIFY>Apesar de se considerar ainda verde para o experimentar, Alex deixa-se convencer pelo amigo Jared (Jake Miller) a visitar o Paranoid Park. Mas, como muitas das experiências da juventude, esta acabará por se revelar determinante para a definição de Alex como ser humano. Um acidente fatal, o bloqueio emocional e o dilema moral daí decorrentes serão integrados num processo de crescimento, onde a inocência terá necessariamente de ser substituída por algo a que podemos chamar de coragem (ou culpa).

ALIGN=JUSTIFY>Gus Van Sant foca-se novamente na juventude (e subculturas) da classe trabalhadora, numa adaptação livre do livro de Blake Nelson. Fazendo novamente uso de actores não profissionais, seleccionados através do myspace.com, Van Sant volta a acertar em cheio com Gabe Nevins, uma mistura de beleza, vulnerabilidade e amoralidade que coloca na sombra o restante (e mais sofrível) elenco.

ALIGN=JUSTIFY>A estrutura temporal da narrativa acompanha a escrita desordenada que Alex faz no seu caderno de notas, com avanços e recuos ao ritmo do preenchimento dos buracos que ele mesmo tinha recalcado. Gus Van Sant manipula a câmara (lenta) para transmitir o tempo psicológico do seu protagonista. A lenta deslocação de Alex nos corredores do liceu, um close-up do seu olhar vazio, e o acompanhamento musical adequado “obrigam-nos” a partilhar a sua angústia (numa versão moderna de um “Crime e Castigo”). À câmara, essencial e imparcial, só lhe falta entrar endoscopicamente no corpo de Alex.

ALIGN=JUSTIFY>A cargo dos 35mm está o director de fotografia Christopher Doyle (colaborador recorrente de Wong Kar Wai e autor de um dos segmentos de “Paris, Je T’Aime”), enquanto o flexível Super 8 das cenas de skate é da responsabilidade de Kathy Li. O design de som de Leslie Shatz vai de opções tão díspares como Nino Rota, compositor de muitas obras de Fellini, e Elliott Smith, mas nenhuma delas ao acaso.

ALIGN=JUSTIFY>Gus Van Sant usa o espaço vazio como elemento opressivo. Os fundos, desfoca-os, como se pretendesse retirar o elemento contextual da história, concentrando a sua preocupação no acto e não na razão subjacente ao acto. Faz uso de um grupo (os skaters) que não funciona como comunidade, num desporto individual que ganha pela partilha com outros, mas que não envolve uma comunicação directa entre os seus praticantes. Sem o julgar, observa Alex e a forma como ele interage (ou não) com as pessoas ao seu redor (pais, namorada, amigos, colegas) e como lida com as consequências dos seus actos (ou da sua inacção). A sua abordagem pode aparentar um minimalismo que favorece o estilo sacrificando a história, mas a intensidade de algumas cenas, como o rompimento do namoro ou o acidente, provam que Van Sant diz exactamente aquilo que quer dizer. Goste-se ou não.








Eastern Promises ****1/2

04.12.07, Rita

ALIGN=JUSTIFY>Realização: David Cronenberg. Elenco: Viggo Mortensen, Naomi Watts, Vincent Cassel, Armin Mueller-Stahl, Sinead Cusack, Donald Sumpter, Jerzy Skolimowski, Yousef Altin. Nacionalidade: Reino Unido / Canadá / EUA, 2007.


SRC=http://us.movies1.yimg.com/movies.yahoo.com/images/hv/photo/movie_pix/focus_features/eastern_promises/_group_photos/viggo_mortensen3.jpg>


ALIGN=JUSTIFY>Num hospital de Londres uma adolescente de 14 anos morre ao dar à luz. Decidida a encontrar a família da criança, a parteira Anna Khitrova (Naomi Watts) segue o rasto do diário que ela deixou. Mas o diário está escrito em russo, idioma que Anna não fala apesar da sua ascendência. Pede então ajuda à mãe (Sinead Cusack) e ao tio (Jerzy Skolimowski) ao mesmo tempo que aproveita a oferta de Semyon (Armin Mueller-Stahl), dono de um restaurante russo, para a ajudar.

ALIGN=JUSTIFY>Anna perturba assim o frágil equilíbrio da irmandade criminosa Vory V Zakone, ligada à máfia russa, e da qual Semyon é o líder. Na sombra de um negócio legítimo, efectuam-se operações de tráfico, entre as quais o tráfico sexual de jovens mulheres de leste, uma operação do especial agrado de Kirill (Vincent Cassel), o volátil filho de Semyon. Nikolai (Viggo Mortensen) é o motorista da família, com um especial talento para resolver problemas complicados (leia-se “ver-se livre de pessoas incómodas”), e cujo empenho tem como objectivo a entrada nos Vory V Zakone e a aquisição das suas estrelas tatuadas.

ALIGN=JUSTIFY>Cronenberg (“Spider”) continua fascinado pelo corpo, em especial pela mistura de fragilidade e força em dois momentos chave: o nascimento e a morte. Em “Eastern Promises” ele prossegue igualmente o seu fascínio pela natureza humana, do qual o seu último filme, “A History of Violence”, é também um belo exemplo.

ALIGN=JUSTIFY>De um lado, Cronenberg observa a perturbação que o envolvimento com criminosos cria num pequeno e vulgar núcleo familiar. Do outro lado, ainda com mais atenção, Cronenberg espreita o distúrbio provocado pela normalidade no estado de perpétua transgressão vivido pelos criminosos. Haverá algum apelo a valores morais que se consiga sobrepor aos interesses claros e funcionais do crime?

ALIGN=JUSTIFY>Cronenberg constrói uma metáfora visual para o conforto que a pertença a um grupo (de qualquer tipo) constitui para quem abandonou ou se viu forçado a abandonar as suas raízes. Das pedras cinzentas de Londres e do frio e humidade do Inverno londrino, ele faz-nos entrar no ambiente acolhedor, de madeiras e vermelhos, de um restaurante que se apresenta como “lar”. Mas, como em muitas as famílias, a gestão de normas e ressentimentos pode não ser a mais pacífica.

ALIGN=JUSTIFY>Steven Knight, autor de “Dirty Pretty Things” (2002), volta a descobrir os mundos que se albergam dentro de Londres, e no seu argumento vai tirando a casca a este universo escondido à medida que alianças e lealdades mudam para se ajustar às necessidades. No centro desta dinâmica está um vigoroso Viggo Mortensen. Vestindo o seu papel como uma segunda pele, temos oportunidade de assistir à subida de mais um degrau na escada da excelência interpretativa.

ALIGN=JUSTIFY>E sim, tem que se falar da cena de luta na sauna: brilhantemente filmada. Cronenberg no seu melhor, num dos melhores dos últimos tempos.


WIDTH=70% COLOR=#E90909 SIZE=1>


ALIGN=JUSTIFY>CITAÇÕES:

ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA>“Sometimes, if things are closed, you just, open them up.”
VIGGO MORTENSEN (Nikolai Luzhin)












Nippon Koma

02.12.07, Rita


SRC=http://fotos.sapo.pt/almeida_rita/pic/000578zt>


ALIGN=JUSTIFY>O cinema japonês regressa pela 5.ª vez à Culturgest. Documentários e filmes de animação, para ver de 3 a 8 de Dezembro, por 2,00 €, no pequeno auditório.

ALIGN=JUSTIFY>Programa aqui.








CONTROL (again)

01.12.07, Rita


SRC=http://www.bifa.org.uk/images/bifa_logo.gif WIDTH=500>


SRC=http://www.beckerinternational.com.au/images/keyart/enlarge/control_big.jpg>


ALIGN=JUSTIFY>O filme de Anton Corbijn arrecadou 5 dos 10 prémios para os quais estava nomeado na 10.ª edição dos British Independent Film Awards:

ALIGN=LEFT>COLOR=#BBBBBBB>– Best Director of a British Independent Film (ANTON CORBIJN)
– Best Performance by a Supporting Actor or Actress in a British Independent Film (TOBY KEBBELL)
– The Douglas Hickox Award (ANTON CORBIJN)
– Best British Independent Film
– Most Promising Newcomer (SAM RILEY)




ALIGN=JUSTIFY>Um bom prenúncio para os BAFTA e para os OSCAR? A ver vamos.