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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

FamaFest 2007 - personal highlights

29.03.07, Rita

ALIGN=JUSTIFY>A minha selecção pessoal, de uma semana repleta de “good movies”.


COLOR=#E90909>O SONHO DO LOBO (WOLFSTRAUM)

SIZE=1>de Maria-Anna Rimpfl (Alemanha, 2006)


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ALIGN=JUSTIFY>Com base no folclore alemão, uma jovem desperta de um sonho aterrorizante, onde é perseguida por um lobo. Mas a realidade para a qual desperta ameaça ser tão ou mais assustadora que a do seu inconsciente. 15 minutos de angústia muito bem filmados.



COLOR=#E90909>PENUMBRA

SIZE=1>de Gwynne McElveen (Irlanda, 2006)



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ALIGN=JUSTIFY>Gwynne McElueen, uma irlandesa, relata a sua experiência de correspondência com Jim, um americano com um talento especial para o desenho - o seu herói é o Capitão Penumbra. 5 anos após o início desta “amizade por carta”, Gwynne decide visitar Jim. “Penumbra” relata o percurso, físico e emocional, entre duas pessoas, usando as palavras de ambos, mas sobretudo as de Jim, lidas por pessoas encontradas pelo caminho e que, não o conhecendo o tentam descobrir. Um filme sobre a necessidade de comunicação, e sobre o poder das palavras para construírem as verdadeiras pontes.



COLOR=#E90909>MAURITÂNIA: ANTIGAS BIBLIOTECAS NO DESERTO (MAURITANIA ANTICHE BIBLIOTECHE)

SIZE=1>de Rossella Piccinno (Itália, 2006)



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ALIGN=JUSTIFY>As palavras como caminho para o passado, como testemunho do nosso trajecto histórico. Manuscritos com centenas de anos jazem esquecidos naquilo que foram um dia prósperas cidades, um bem precioso que perece sob a fome devoradora do deserto e das térmitas. Um documentário extraordinariamente consistente e elucidativo acerca do abandono e da urgência de o redimir.

Uma amostra aqui.



COLOR=#E90909>PEQUENOS TORMENTOS DA VIDA

SIZE=1>de Fabiano Sousa e Gilson Vargas (Brasil, 2006)



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ALIGN=JUSTIFY>As palavras como caminho para o futuro, como causa e consequência do pensamento. Um documentário onde as palavras hábeis do escritor brasileiro Mário Quintana, utilizadas nas aulas, traduzem para as crianças um mundo que elas estão ainda a descobrir. Palavras que, pela sua própria originalidade e pelo seu poder, as fazem ir mais além. Afinal de contas, a mentira é apenas “uma verdade que se esqueceu de acontecer”.



COLOR=#E90909>BRECHT - A ARTE DE VIVER (BRECHT – DIE KUNST ZU LEBEN)

SIZE=1>de Joachim Lang (Alemanha, 2006)



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ALIGN=JUSTIFY>A vida do dramaturgo através das mulheres que fizeram parte da sua vida, da esposa às amantes, da filha às colaboradoras. Da Bavaria para Berlim Oriental, uma vida foi marcada pela extrema necessidade de uma independência intelectual, num documentário exemplar.



COLOR=#E90909>MARINHEIROS E MÚSICOS (MARINERS & MUSICIANS)

SIZE=1>de Steven Lippman (EUA, 2006)



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ALIGN=JUSTIFY>Um estilo de videoclip filosófico, palavras com música, imagens com poesia, a voz profunda e olhar intrigante de Rosanne Cash. A compositora e cantora filha do primeiro casamento de Johnny Cash faz uma viagem pela sua história familiar, onde o mar e a música se misturam.



COLOR=#E90909>TRÊS PEÇAS (DREI STÜCKE)

SIZE=1>de Hubert Sielecki (Áustria, 2006)



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ALIGN=JUSTIFY>Uma experiência visual em três partes. Sinalização: fazendo uso da linguagem dos sinais urbanos como forma de comunicação, imediata, eficaz e extenuante. Traços: através da pintura evidencia-se a repetição dos padrões de relacionamento. Uma pedra rola: a consequência interminável e circular dos acontecimentos. Um jogo em que imagem e palavra se unem musicalmente (efeito infelizmente prejudicado pela necessidade de ler as legendas).



COLOR=#E90909>DEBAIXO DO SOL (UNTER DER SONNE)

SIZE=1>de Baran bo Odar (Alemanha, 2006)



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ALIGN=JUSTIFY>No Verão de 1984, enquanto em Los Angeles decorrem os Jogos Olímpicos, e em África sucumbe perante uma gigantesca seca, Victor passa uns dias com a sua tia e a sua prima de 15 anos. Entre a descoberta sexual e a profunda angústia adolescente de não pertencer a sítio nenhum e não ser entendido por ninguém, Victor é obrigado a lidar com um medo traumático do seu passado. E nada como um trauma para superar outro.



COLOR=#E90909>FECHADO (VERSCHLOSSEN)

SIZE=1>de Albert Radl (Alemanha, 2006)



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ALIGN=JUSTIFY>Um homem encontra uma porta fechada e decide abri-la por todos os meios possíveis. Uma metáfora de 3 minutos sobre os drásticos caminhos da obsessão e dos reflexos negativos da violência.



COLOR=#E90909>O LOUCO, O CORAÇÃO E O OLHO (DER VERRÜCKTE, DAS HERZ UND DAS AUGE)

SIZE=1>de Annette Jung e Gregor Dashuber (Alemanha, 2006)



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ALIGN=JUSTIFY>Baseado num conto de Edgar Allan Poe e com um visual muito perto do delicioso gótico de Tim Burton, Ed conta-nos a história de como foi parar dentro de um colete de forças. A culpa de tudo foi do terrível olho do seu pai que lhe causava uma angústia insuportável. Para se livrar dessa ansiedade, Ed traça um plano infalível. Ou talvez não. O que estamos dispostos a fazer para destruir a (natural) ansiedade que é a vida?



COLOR=#E90909>SÓ QUERIA VIVER (VOLEVO SOLO VIVERE)

SIZE=1>de Mimmo Calopresti (Itália/Suiça, 2006)



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ALIGN=JUSTIFY>Impressionante documentário sobre o holocausto nas palavras de sobreviventes italianos. O seu relato desapaixonado, fruto da extenuante expiação a que devem ter sujeitados os seus fantasmas, consegue ser mais chocante que as duras imagens de arquivo reproduzidas. Sem sentimentalismos, porque a realidade é suficientemente escabrosa.






























































XIV CAMINHOS DO CINEMA PORTUGUÊS

27.03.07, Rita

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ALIGN=JUSTIFY>A XIV edição dos CAMINHOS DO CINEMA PORTUGUÊS decorrerá entre os dias 21 e 28 do próximo mês de Abril, em Coimbra, com as seguintes obras presentes a concurso:

ALIGN=LEFT>COLOR=#AAAAAA>LONGA-METRAGEM

“O Jardim do Outro Homem” (Sol de Carvalho, 95’)
“Suicídio Encomendado” (Artur Serra Araújo, 88’)
“Body Rice” (Hugo Vieira da Silva, 120’)
“Pele” (Fernando Vendrell, 102’ )
“Transe” (Teresa Villaverde, 126’)
“Atrás das Nuvens” (Jorge Queiroga 85’)
“Filme da Treta” (José Sacramento, 90’)

COLOR=#AAAAAA>CURTA-METRAGEM

“Avé Maria” (João Botelho, 25’)
“Night Shop” (João Constâncio, 25’)
“Animalz” (Sérgio Cruz, 3’10’’)
“Espírito de Natal” (Victor Candeias, 25’)
“A Cura” (José Barahona, 29’)
“The End / Capítulo Final” (Victor Candeias, 12’30’’)
“História Desgraçada” (Elsa Bruxelas, 28’)
“Regresso a Casa” (João Maia, 25’)
“Manhã de Novembro, 1981” (Mariana Castro e Sílvia Santana, 15’06’’)
“O Buraco” (Miguel Gaudêncio 25’)
“Ladrões de Nêsperas” (Fernando Lobo Amaral, 11’44’’)
“Palavras Roubadas” (Luís Dias, 14’)
“O Operário em Construção” (Eduardo Nascimento e Pedro Canotilho, 15’)
“Cântico das Criaturas” (Miguel Gomes, 24’)

COLOR=#AAAAAA>DOCUMENTÁRIO

“Maria” (Fábio Ribeiro e Nuno Gaspar, 15’)
“Logo Existo” (Graça Castanheira, 60’)
“Humanos – A Vida em Variações” (António Ferreira, 33’)
“Show da Fé” (António Contador, 3’)
“Life is Change” (Eduardo Morais de Sousa, 5’)
“Olhar o Cinema Português 1896-2006” (Manuel Mozos, 53’)
“Cartas a Uma Ditadura” (Inês de Medeiros, 60’)
“Ricardo Rangel – Ferro em Brasa” (Licínio de Azevedo, 48’)
“José Carlos Schwarz – A Voz do Povo” (Adulai Jamanca, 52’)
“Batalha de Aljubarrota” (Rui Pinto de Almeida, 52’)
“Batalha de La Lys” (Rui Pinto de Almeida, 53’)
“Brava Dança” (José F. Pinheiro e Jorge P.Pires, 80’31’’)
“A Minha Aldeia Já Não Mora Aqui” (Catarina Mourão, 60’)
“Pátria Incerta” (Inês Gonçalves e Vasco Pimentel, 52’)
“Eduardo Luiz - Retracto do Artista Desaparecido” (Victor Candeias, 55’)
“Ainda há Pastores?” (Jorge Pelicano, 73’)

COLOR=#AAAAAA>ANIMAÇÃO

“Stuart” (Zepe, 11’26’’)
“A Culpa” (Irina Calado, 7’)
“In Silentiu (Silêncio)” (Irina Calado, 7’)
“Sem Dúvida, Amanhã…” (Pedro Brito, 7’)
“Turno da Noite: Fé” (Carlos Fernandes, 5’30’’)
“Jantar em Lisboa” (André Carrilho, 7’06’’)
“O Trabalho do Corpo” (Nuno Amorim, 7’06’’)
“A Noiva do Gigante” (Nuno Amorim, 9’04’’)
“O Pescador de Sonhos” (Igor Pitta Simões, 10’50’’ )
“Esperânsia” (Cláudio Jordão, 7’)
“A Religiosa II” (Clídio Nóbio, 2’)
“Quatro Elementos” (Janek Pfifer, 20’)
“Histórias de Molero – Todos os Gajos Têm Um Tio Maluco” (Afonso Cruz, 6’30’’)

ALIGN=JUSTIFY>Como complemento à selecção oficial do festival, continua a secção Ensaios Visuais, dedicada às escolas de cinemas e audiovisuais existentes nacionais (inscrições abertas até dia 10 de Abril).

ALIGN=LEFT>Estão previstos ainda os workshops:

> Produção Filmes, com Henrique Espírito Santo
> Animação de Volumes com Cristina Teixeira
> Animação Digital - 3D Studio Max, com Fililpe Rocha
> Interpretação/Expressão, com Ana Paula de Jesus
> Realização - Como Realizar uma Curta?, com Rui Sousa

ALIGN=JUSTIFY>Mais informações em www.caminhos.info

































































FamaFest 2007 - o rescaldo

26.03.07, Rita

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ALIGN=JUSTIFY>Depois de uma semana de intensa actividade, foram estes os resultados da 9ª edição do Festival Internacional de Cinema de Famalicão.


COLOR=#E90909>JÚRI INTERNACIONAL


COLOR=#AAAAAA>Grande Prémio do Famafest 2007

“As Borboletas Estão Apenas Um Passo Atrás” (Mohammad Ibrahim Moaiery, Irão)

COLOR=#AAAAAA>Grande Prémio de Lusofonia

"O Escritor Prodigioso” (Joana Pontes, Portugal)

COLOR=#AAAAAA>Premio Ficção/Adaptação de Obra Literária

“Debaixo do Sol” (Baran Von Odar, Alemanha)

COLOR=#AAAAAA>Prémio Melhor Documentário

“Só Queria Viver” (Mimmo Calopresti, Itália/Suíça)

COLOR=#AAAAAA>Prémio Ficção Jovem

“Conoclasta” (Mariko Saga, Polónia)

COLOR=#AAAAAA>Prémio Especial do Júri - Memória Histórica

“Meu Pai Humberto Delgado” (Francisco Manso, Portugal)

COLOR=#AAAAAA>Menções Honrosas

“Marinheiros e Músicos” (Steven Lippmann, EUA)
“Ehni” (Jean-Luc Bouvret, França)
“Penumbra” (Gwynne MacElveen, Irlanda)
“O Jardim Que Se Afastou A Flutuar” (Ruth Walk, Israel)
“Roxana” (Moze Mossanen, Canadá)


COLOR=#E90909>JÚRI DA JUVENTUDE


COLOR=#AAAAAA>Grande Prémio da Juventude

“Só Queria Viver” (Mimmo Calopresti, Itália/Suíça)

COLOR=#AAAAAA>Prémio Especial da Juventude – Ficção

“O Sonho do Lobo” (Maria-Anna Rimpfl, Alemanha)

COLOR=#AAAAAA>Prémio Especial da Juventude – Documentário

“Ensaio Sobre o Teatro” (Rui Simões, Portugal)

COLOR=#AAAAAA>Prémio Especial da Juventude – Animação

“O Louco, o Coração e o Olho” (Annette Jung e Gregor Dashuber, Alemanha)

COLOR=#AAAAAA>Menções Honrosas

“O Portugal de Miguel Esteves Cardoso” (Fernando Ávila, Portugal)
“Pequenos Tormentos da Vida” (Fabiano Sousa e Gilson Vargas, Brasil)


COLOR=#E90909>ENCONTRO DE BLOGS


COLOR=#AAAAAA>Primeiro Prémio CINEMA

Amarcord
Zona Negra

COLOR=#AAAAAA>Menções Honrosas CINEMA

Cineblog
Play It Again
Royale With Cheese
Wasted Blues

COLOR=#AAAAAA>Primeiro Prémio CULTURA

O Intruso
Piano

COLOR=#AAAAAA>Menções Honrosas CULTURA

A a Z
Bandida
Erotismo na Cidade
hoje há conquilhas
Indústrias Culturais

ALIGN=JUSTIFY>No contexto deste encontro, foram ainda eleitos como os melhores filmes estreados em Portugal em 2006: “The Departed: Entre Inimigos” e “Match Point”




























































Homem bom na Cinemateca

23.03.07, Miguel Marujo


Do press-release da Cinemateca, chega-nos o anúncio de um ciclo sobre Jim Jarmusch. O programa completo pode ser consultado no site da casa do cinema.

«Nascido a 22 de Junho de 1953 no Ohio, Jim Jarmusch constituíu-se, nos anos 80, como principal rosto do "cinema independente americano", depois muito copiado e muito imitado. Aluno de Nicholas Ray e de Laslo Benedek na escola de cinema de Nova Iorque, uma das forças do cinema de Jim Jarmusch reside justamente no balanço perfeito entre "classicismo" e "modernidade", tanto no modo de fazer como nos universos e referências convocados. Cinéfilo esclarecido (descobriu o cinema, diz ele, na Cinemateca Francesa, ainda de Langlois, no princípio dos anos 70), Jim Jarmusch representa porventura no cinema americano o papel do último realizador filho de uma cultura cinéfila "clássica", capaz de citar Dreyer a propósito de um western de série B. [...] Vamos ver todos os seus filmes, incluindo algumas preciosidades nunca vistas em Portugal. Como TIGRERO, de Mika Kaurismäki, que reúne Jarmusch e Samuel Fuller, ou o filme de episódios TEN MINUTES OLDER: THE TRUMPET, que traz um impressionante plantel de cineastas. Abril será mês de "melancólica independência" na Cinemateca.»

Belle de jour...

16.03.07, Rita


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COLOR=#BBBBBB SIZE=1>Catherine Deneuve em “Belle de Jour” de Luis Buñuel (1967)




Belle de nuit!


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Curse of the Golden Flower ***

15.03.07, Rita

ALIGN=JUSTIFY>T.O.: Man cheng jin dai huang jin jia. Realização: Zhang Yimou. Elenco: Chow Yun-Fat, Gong Li, Chou Jay, Liu Ye, Ni Dahong, Qin Junjie, Li Man, Chen Jin. Nacionalidade: Hong Kong / China, 2006.


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ALIGN=JUSTIFY>O argumento co-escrito por Zhang Yimou, Wu Nan e Bian Zhihong adapta a peça de teatro de 1934 da autoria de Yu Cao situando a acção do filme no século X, durante a curta dinastia Tang. “Curse of the Golden Flower” não pretende fazer qualquer reprodução histórica, colocando-se antes ao nível de uma tragédia grega e/ou shakespeariana sob o peso da ancestral cultura chinesa.

ALIGN=JUSTIFY>A família real chinesa vive um período complicado. O imperador (Chow Yun Fat) decidiu envenenar a esposa (Gong Li), acrescentando um fungo ao seu remédio para a anemia. A emperatriz tem um envolvimento sexual com o seu enteado, o príncipe herdeiro (Lie Ye), que por sua vez tem um relacionamento amoroso com Chan (Li Man), a filha do médico imperial (Ni Dahong). O filho mais velho da imperatriz, o príncipe Jai (Jay Chou), regressou de um longo período de treino, mostrando ser o mais apto a assumir o trono. Em segundo plano está o mais novo e menos atendido príncipe Yu (Qin Junjie). Quando a imperatriz descobre os planos de envenenamento do seu marido, desenha um plano de vingança que vai testar a lealdade do seu filho Jai.

ALIGN=JUSTIFY>Apesar de conter a típica batalha épica com auxílio computorizado, a nível de artes marciais e cenas de luta, “Curse of the Golden Flower” é consideravelmente inferior aos anteriores filmes de Zhang Yimou, “Hero” (2002), “House of the Flying Daggers” (2004). Mas, num estilo coerente, mantém-se o espectáculo visual. Os cenários são opulentos, as cores saturadas, o guarda-roupa da responsabilidade de Yee Chung Man sumptuoso. Do dourado ao verde esmeralda, do amarelo ao vermelho, a brilhante e psicadélica mistura de cores emanadas das paredes, tectos, tapetes, mobiliário contrasta de uma forma extrema ao negro melodrama que se desenrola no interior do palácio imperial.

ALIGN=JUSTIFY>Incesto, traição, assassínio, segredos profundos e luta pelo poder é uma receita eficaz, mesmo que pouco original. Nas interpretações destacam-se um sádico e cruel Chow Yun Fat (“Crouching Tiger, Hidden Dragon”), uma sofrida, só e louca Gong Li (“Memórias de uma Geisha”) e um magnético Jay Chou, mais conhecido pela sua vertente musical.

ALIGN=JUSTIFY>Debaixo da bela e luxuriante aparência exterior, germina o lado mais sórdido da humanidade. Afinal aquele palácio deslumbrante não é mais do que uma gaiola bem decorada. A tragédia surge quando à rígida estrutura social imposta pelo exterior se vem opor a emoção pessoal. É na aniquilação de qualquer vestígio de humanidade individual (imperador e imperatriz nunca são referidos pelo seu nome próprio, mas pelo papel social que desempenham), que se sustentam os sistemas de governo autocráticos. As analogias entre a China de ontem e a de hoje ficam ao cargo, e à responsabilidade, de cada um.


WIDTH=70% COLOR=#E90909 SIZE=1>


ALIGN=JUSTIFY>CITAÇÕES:

ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA>“Aquilo que eu não te der, nunca o deves tomar pela força.”
CHOW YUN FAT (Imperador Ping)












Os Anjos em cartaz

14.03.07, Rita

ALIGN=JUSTIFY>Depois da sua ante-estreia na 7ª Festa do Cinema Francês, o ano passado, “Les Anges Exterminateurs” estreia amanhã nas salas portuguesas.


SRC=http://www.linternaute.com/cinema/image_cache/objdbfilm/image/300/15852.jpg>


ALIGN=JUSTIFY>Infelizmente, e apesar da imagem tentadora que aqui coloco, eu recomendo vivamente quaisquer outros programas alternativos.








El Laberinto del Fauno ****

13.03.07, Rita

ALIGN=JUSTIFY>Realização: Guillermo del Toro. Elenco: Sergi López, Maribel Verdú, Ivana Baquero, Ariadna Gil, Doug Jones, Álex Angulo. Nacionalidade: México / Espanha / EUA, 2006.


SRC=http://www.deltorofilms.com/featured_pix/pan_book.jpg>


ALIGN=JUSTIFY>O realizador de “El Espinazo del Diablo” (2001) e “Hellboy” (2004) constrói em “El Laberinto del Fauno” uma fábula fantástica sobre a Espanha franquista.

ALIGN=JUSTIFY>Em 1944, Carmen (Ariadna Gil) e a sua filha Ofelia (Ivana Baquero) chegam a uma aldeia onde reside o novo marido de Carmen, um capitão do exército franquista obcecado com com o filho que Carmen tem na barriga e com eliminar todos os rebeldes republicanos que combatem a ditadura a partir das montanhas. Entretanto, Ofelia descobre no bosque que rodeia a casa um fauno, uma figura mitológica que a intima a cumprir três tarefas para poder converter-se na princesa que já foi um dia.

ALIGN=JUSTIFY>O filme de Guillermo del Toro equilibra magistralmente o drama individual, o drama nacional e o sobrenatural, este último funcionando como metáfora das atribulações emocionais experimentadas pelas personagens. Entre o tom indiscutivelmente adulto e o tom duvidosamente infantil, em “El Laberinto del Fauno” a fantasia complementa a realidade, simultaneamente reforçando e atenuando o seu impacto.

ALIGN=JUSTIFY>“El Laberinto del Fauno” faz uso da figura circular não apenas na narrativa, mas também visualmente através da repetição, dos reflexos e da memória perdida. De um lado está Ofelia, que tenta recuperar o passado que esqueceu, do outro está o capitão Vidal cujo maior temor é ser esquecido.

ALIGN=JUSTIFY>Este é um filme altamente parcial, onde todos os desalmados militares estão do lado do mal e a heróica resistência republicana do lado do bem. Tendo em conta o resultado histórico dos acontecimentos, só resta a defesa da liberdade de pensamento como única arma contra uma opressão que visa eliminar qualquer sinal de identidade (aliás, a violência em “El Laberinto del Fauno” não raras vezes é feita sobre os rostos das vítimas). Mas a discussão política vai do plano ideológico ao plano moral, onde a morte pode também significar libertação (vide a cena em que Vidal se barbeia).

ALIGN=JUSTIFY>“El Laberinto del Fauno” é uma obra de proeza técnica, com especial destaque para a fotografia (Guillermo Navarro), o design de produção (Eugenio Caballero) e a caracterização (David Martí, Montse Ribé) – todos premiados com um Oscar. Mas “El Laberinto del Fauno” utiliza o género fantástico para um fim mais profundo que a simples auto-contemplação, como sucede muitas vezes. Para isso valem também as fortes interpretações, começando no genial Sergi López (“Harry, Un Ami Que Vous Veut Du Bien”, “Dirty Pretty Things”), passando por Maribl Verdú (“Y Tú Mamá También”) até à jovem e desarmante Ivana Baquero.

ALIGN=JUSTIFY>“El Laberinto del Fauno” transpira um extremo romantismo, com planos lindíssimos e imagens grotescas, e com fluidas transições entre cenas que conduzem suavemente o espectador entre o mundo real e o surreal. Somos colocados perante a evidência do sonho quando Ofelia regressa ao seu quarto de uma das suas incursões ao mundo do fauno por uma porta que contraria todas as leis físicas.

ALIGN=JUSTIFY>Em “El Laberinto del Fauno” a beleza convive de perto com a brutalidade e a crueldade. Realidade é dor, e nós somos reais na medida em que os nossos corpos são marcados. Apenas através da dor física parece ser possível libertar a mente dos seus fantasmas. E depois de uma perseguição final que faz lembrar “The Shining” de Stanley Kubrick, a entrega de uma criança a um mundo limpo deixa-nos a sensação angustiosa e contraditória da possibilidade de felicidade mas também da hipótese de tragédia.


WIDTH=70% COLOR=#E90909 SIZE=1>


ALIGN=JUSTIFY>CITAÇÕES:

ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA>“Quiero que le llames ‘padre’, ¿me has oído? ‘Padre’... Ese hombre ha sido muy bueno con nosotras, hija. No sabes cuanto. Es una palabra, Ofelia. No es más que una palabra.”
ARIADNA GIL (Carmen)


ALIGN=JUSTIFY>“Capitão Vidal – Digáme, ¿Porqué no me obedeció?
Dr. Ferreiro – Es que... Obedecer, por obedecer. Así sin pensarlo... Solo lo hacen gentes como usted, Capitán.”
SERGI LÓPEZ (Capitão Vidal) e ÁLEX ANGULO (Dr. Ferreiro)


ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#E90909>Mais sobre o deus Pan (o correspondente grego do deus romano Fauno) aqui.














The Good German **1/2

12.03.07, Rita

ALIGN=JUSTIFY>Realização: Steven Soderbergh. Elenco: George Clooney, Cate Blanchett, Tobey Maguire, Robin Weigert, Dave Power, Leland Orser, Tony Curran, Dominic Comperatore, Beau Bridges, Jack Thompson, Ravil Isyanov. Nacionalidade: EUA, 2006.


SRC=http://us.movies1.yimg.com/movies.yahoo.com/images/hv/photo/movie_pix/warner_brothers/the_good_german/_group_photos/cate_blanchett14.jpg>


ALIGN=JUSTIFY>Berlim, Julho 1945. Logo após a rendição alemã, Estaline, Truman e Churchill reuniram-se na conferência de Potsdam para dividirem a Alemanha entre si. Berlim é uma cidade bombardeada. É também uma terra sem leis, onde não se pode confiar em ninguém, e pejada de jornalistas, entre os quais o correspondente Jake Geismer (George Clooney), que já tinha estado sedeado na cidade antes da guerra, onde tinha conhecido Lena Brandt (Cate Blanchett), actualmente é namorada do oficial designado para ser seu motorista em Berlim, Tully (Tobey Maguire). Tully está envolvido em negociatas no mercado negro, aproveitando as oportunidades que a guerra, ao contrário da paz, lhe trouxe. Mas é junto do general russo Sikorsky (Ravil Issykanov) que Tully vai tentar conseguir o dinheiro que precisa para ajudar Lena a sair da Alemanha, ao saber que aquele procura o falecido marido de Lena, Emil (Christian Oliver), um matemático a serviço das SS.

ALIGN=JUSTIFY>Baseado no livro de Joseph Kanon (2001) e adaptado por Paul Attanasio (“Quiz Show”, “Donnie Brasco”), o filme de Steven Soderbergh (“Erin Brockovich”, “Traffic”, saga “Ocean’s”) é uma homenagem ao film noir, irrepreensível em termos de estilo e de ambiente. Soderbergh filmou “The Good German” como se estivesse de facto em 1945, utilizando os materiais e aparelhos disponíveis na altura, bem como imagens de arquivo. Do genérico inicial ao poster, o visual é consistentemente anos 40, passando pela dupla de protagonistas, em especial Blanchett que até no sotaque faz lembrar Marlene Dietrich (e quanto de “Casablanca” anda por ali...).

ALIGN=JUSTIFY>Infelizmente o filme de Soderbergh, que está também a cargo da fotografia e da montagem, sob os pseudónimos de Peter Andrews e Mary Ann Bernard, respectivamente, negligencia o conteúdo a favor da forma. As personagens têm pouca densidade, e aos actores é dado muito pouco com que trabalhar, e por muitos bonitos que sejam Clooney e Blanchett, entre eles não existe qualquer química. Aliás, “The Good German”, peca, em contraste com a profunda beleza do seu jogo de luzes e sombras, pelo vazio emocional. Enquanto a personagem de Maguire está no filme a sensação de thriller mantém-se, mas após o seu desaparecimento, este filme reduz-se a um exercício estilístico.

ALIGN=JUSTIFY>Também não ajuda o facto de Soderbergh nos privar de um herói típico que mova a narrativa e nos comova. Em vez disso, ele opta por nos mostrar três pontos de vista, mas é através desta mudança de perspectiva que as respostas aos mistérios vão sendo dadas. São tocadas ao de leve algumas questões morais como a possibilidade de ignorar os crimes de guerra de um indivíduo se este possuir informações que beneficiem os vencedores; ou o “roubo de cérebros” efectuado no pós-guerra entre russos e americanos como recursos para guerras futuras. Mas tudo isto carece de sentimento. “The Good German” é como uma mulher extremamente bonita que desencanta assim que se fala com ela. É uma pena Sr. Soderbergh.


WIDTH=70% COLOR=#E90909 SIZE=1>


ALIGN=JUSTIFY>CITAÇÕES:

ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA>“Whenever you say to yourself, "That's the worst thing I've ever heard ...", stick around. That's Berlin.”
TONY CURRAN (Danny)




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Na Cinemateca...

09.03.07, Rita

ALIGN=JUSTIFY> ... recuperam-se filmes em atraso.



COLOR=#BBBBBB>PORQUE UM FILME É UM FILME É UM FILME É A VIDA



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ALIGN=CENTER>SIZE=1>FULL FRONTAL - Vidas a Nu, de Steven Soderbergh (2002)




COLOR=#BBBBBB>PORQUE AS NOSSAS EXPECTATIVAS PODEM SER A MAIOR PRISÃO DE TODAS



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ALIGN=CENTER>SIZE=1>STROMBOLI, de Roberto Rossellini (1950)




COLOR=#BBBBBB>PORQUE ATÉ NA AMORALIDADE PODE HAVER ÉTICA
(FAZER BEM E FAZER O BEM NÃO É O MESMO)


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ALIGN=CENTER>SIZE=1>ASSASSIN(S), de Mathieu Kassovitz (1997)



















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