Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

The Island ***

25.08.05, Rita

ALIGN=JUSTIFY>Realização: Michael Bay. Elenco: Ewan McGregor, Scarlett Johansson, Djimon Hounsou, Sean Bean, Steve Buscemi, Michael Clarke Duncan, Ethan Phillips, Brian Stepanek. Nacionalidade: EUA, 2005.


SRC=http://images.rottentomatoes.com/images/movie/gallery/1146422/photo_09.jpg>


ALIGN=JUSTIFY> “A Ilha” tem a imagem de marca de Michael Bay (“Armageddon” - 1998; “Pearl Harbor” - 2001), com sequências de perseguição de tirar o fôlego e efeitos pirotécnicos. Mas desta vez, ele consegue, com isso e apesar disso, contar uma história consistente, com personagens sólidos, onde os efeitos são menos gratuitos que o Bay-normal e respondem ao propósito da narrativa. A utilização de um conjunto de actores praticamente desligado dos blockbusters também parece ter ajudado.

ALIGN=JUSTIFY>Apesar disso, continua a haver algum em cenas de perseguição que se estendem por demasiado tempo. E os patrocínios através de “product placement” tornam-se a maioria das vezes intrusivos na história: Puma, Aquaviva, MSN, Nokia e Cadillac (e estes são só os que me lembro). Mas talvez a sociedade americana do futuro seja isso mesmo, um grande e constante patrocínio.

ALIGN=JUSTIFY>Lincoln Six Echo (McGregor) e Jordan Two Delta (Johansson) são dois dos habitantes da biosfera artificial de 2019, construída para resistir ao ar contaminado que dizimou a vida na Terra. À excepção de um único lugar – A Ilha –, o prémio para os que ganharem o sorteio da lotaria. Todos vivem em função desse momento, em espera constante e sem outros objectivos. Mas Lincoln Six Echo começa a questionar-se sobre o seu trabalho e o porquê de não poder por uma vez vestir roupa de outra cor que não o branco. Para esclarecer algumas das suas dúvidas, arrisca a própria vida para ir falar com McCord (Buscemi), um dos operários que trabalha do lado de fora. E chega o momento em que descobre que A Ilha não existe.

ALIGN=JUSTIFY>Não quero entrar muito na história, porque é preferível deixar a descoberta para cada um. Os produtores, no entanto, não devem ter achado o mesmo, e o efeito surpresa é eliminado por um trailer que revela demasiado.

ALIGN=JUSTIFY>Com uns laivos de “1984” e “Admirável Mundo Novo”, foi elaborado um mundo tecnológico e frio, onde a ordem social e a dinâmica de grupo são severamente controladas. Os agentes da autoridade estão atentos às mudanças de humor, aos cuidados alimentares e aos “alertas de proximidade” entre indivíduos.

ALIGN=JUSTIFY>Com uma clara distinção entre a primeira e a segunda partes do filme, é como se assistíssemos aos preliminares para depois romper a verdadeira e explosiva acção. Mas o que faz realmente este filme é a inegável química entre McGregor e Johansson. Infelizmente, Bay dá-lhes menos do que devia, reduzindo-os por vezes a simples adereços. O mesmo acontece relativamente ao restante e excelente elenco: Sean Bean (mais conhecido por Boromir), Steve Buscemi, Michael Clarke Duncan e o belíssimo Djimon Hounsou.

ALIGN=JUSTIFY>Michael Bay tem uma boa história e tem um bom elenco. Mas as empresas que pagaram pelas perseguições e pelas explosões queriam o “anúncio” a que tinham direito. Por isso sacrificou-se algum talento. Alguém acredita que Johansson se pode limitar a ser uma donzela em apuros?


WIDTH=70% COLOR=#E90909 SIZE=1>


ALIGN=JUSTIFY>CITAÇÕES:

ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA> “EWAN McGREGOR (Lincoln Six-Echo) – Who is "God"?
STEVE BUSCEMI (McCord) – You know when you really want something, you close your eyes and wish for it really hard? God is the guy that ignores you.”


ALIGN=JUSTIFY> “Jeez, why do I always have to be the one to tell the kids there is no Santa Claus?”
STEVE BUSCEMI (McCord)

ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA>“Just cause you wanna eat the burger, doesn't mean you wanna meet the cow.”
STEVE BUSCEMI (McCord)











Ghost Dog - O Método do Samurai ***

22.08.05, Rita

ALIGN=JUSTIFY>T.O.: Ghost Dog – The Way of the Samurai. Realização: Jim Jarmusch. Elenco: Forest Whitaker, John Tormey, Cliff Gorman, Frank Minucci, Henry Silva, Tricia Vessey, Richard Portnow, Victor Argo, Vince Viverito, Isaach De Bankolé, Camille Winbush. Nacionalidade: França / Alemanha / EUA / Japão, 1999.


SRC=http://us.movies1.yimg.com/movies.yahoo.com/images/hv/photo/movie_pix/artisan_entertainment/ghost_dog__the_way_of_the_samurai/forest_whitaker/ghostdog4.jpg>


ALIGN=JUSTIFY>Misturando a filosofia oriental, com a sabedoria hip-hop e o código de honra dos gansters, Jarmusch apresenta a história de um enigmático assassino a soldo, Ghost Dog (Whitaker).

ALIGN=JUSTIFY>Vítima de um espancamento, a vida de Ghost Dog foi salva por Louie (Tormey), membro de uma família da máfia. Em retibuição da sua ajuda, Ghost Dog transformou-se no seu “servidor”, fazendo alguns trabalhos sujos que devem ser resolvidos com discrição e profissionalismo. Até ao dia em que mata um traidor em frente à filha do chefe da família, Ray Vargo (Silva), e fica com a cabeça a prémio. As leis mudam e o predador torna-se a presa.

ALIGN=JUSTIFY>Ghost Dog vive no cimo de um prédio, rodeado de pombos, que usa como correio nas suas comunicações com Louie. As suas amizades reduzem-se a uma criança que conhece no jardim e a Raymond (Bankolé), um emigrante do Haiti que não fala inglês, mas com quem Ghost Dog tem um entendimento surreal.

ALIGN=JUSTIFY>A codunta de Ghost Dog é regida pelas regras orientais contidas no livro “Hagakure - The Book of the Samurai”, de Yamamoto Tsunetomo, um manual para guerreiros do século XXIII. Ghost Dog considera-se o “último de uma antiga tribo”, um samurai dos tempos modernos que carrega uma pistola com silenciador, mimetizando os movimentos longos e suaves da espada que deveria usar.

ALIGN=JUSTIFY>Ele medita, ele treina, e vive como uma sombra. Escolhe a música que ouve nos carros que rouba, escutando-a em silêncio como se fossem poemas haiku. A música de RZA (que actuou em “Coffee and Cigarettes”) mistura influências orientais com rap, ajudando a fazer a ponte entre estes dois mundos.

ALIGN=JUSTIFY>Jarmusch apresenta a vida de Ghost Dog entrecortada com citações do livro, ilustrando assim a concretização prática da teoria oriental. A calma filosófica de Jarmusch e a espantosa gravidade de Whitaker traduzem a paz interior de Ghost Dog, em claro contraste com a violência das suas acções. A sua é a tranquilidade de quem sabe qual a sua missão. Aceitando a inevitabilidade da morte, todos os aspectos da vida assumem a sua real importância.


WIDTH=70% COLOR=#E90909 SIZE=1>


ALIGN=JUSTIFY>CITAÇÕES:

ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#E90909>HAGAKURE – THE BOOK OF THE SAMURAI, de Yamamoto Tsunetomo


ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA> “The Way of the Samurai is found in death. Meditation on inevitable death should be performed daily. Every day when one's body and mind are at peace, one should meditate upon being ripped apart by arrows, rifles, spears and swords, being carried away by surging waves, being thrown into the midst of a great fire, being struck by lightning, being shaken to death by a great earthquake, falling from thousand-foot cliffs, dying of disease or committing seppuku at the death of one's master. And every day without fail one should consider himself as dead.”


ALIGN=JUSTIFY> “It is bad when one thing becomes two. One should not look for anything else in the Way of the Samurai. It is the same for anything that is called a Way. If one understands things in this manner, he should be able to hear about all ways and be more and more in accord with his own.”

ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA> “If one were to say in a word what the condition of being a samurai is, its basis lies first in seriously devoting one's body and soul to his master.”


ALIGN=JUSTIFY> “It is a good viewpoint to see the world as a dream. When you have something like a nightmare, you will wake up and tell yourself that it was only a dream. It is said that the world we live in is not a bit different from this.”

ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA> “Among the maxims on Lord Naoshige's wall, there was this one: "Matters of great concern should be treated lightly." Master Ittei commented, "Matters of small concern should be treated seriously."”


ALIGN=JUSTIFY> “Even if one's head were to be suddenly cut off, he should be able to do one more action with certainty. With martial valor, if one becomes like a revengeful ghost and shows great determination, though his head is cut off, he should not die.”

ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA> “In the words of the ancients, one should make his decision within the space of seven breaths. It is a matter of being determined and having the spirit to break through to the other side.”


ALIGN=JUSTIFY> “There is something to be learned from a rainstorm. When meeting with a sudden shower, you try not to get wet and run quickly along the road. But doing such things as passing under the eaves of houses, you still get wet. When you are resolved from the beginning, you will not be perplexed, though you still get the same soaking. This understanding extends to everything.”

ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA> “Our bodies are given life from the midst of nothingness. Existing where there is nothing is the meaning of the phrase, "form is emptiness." That all things are provided for by nothingness is the meaning of the phrase, "Emptiness is form." One should not think that these are two separate things.”


ALIGN=JUSTIFY> “When one has made a decision to kill a person, even if it will be very difficult to succeed by advancing straight ahead, it will not do to think about doing it in a long, roundabout way. One's heart may slacken, he may miss his chance, and by and large there will be no success. The Way of the Samurai is one of immediacy, and it is best to dash in headlong.”

ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA> “It is said that what is called "the spirit of an age" is something to which one cannot return. That this spirit gradually dissipates is due to the world's coming to an end. In the same way, a single year does not have just spring or summer. A single day, too, is the same. For this reason, although one would like to change today's world back to the spirit of one hundred years or more ago, it cannot be done. Thus it is important to make the best out of every generation.”

Night on Earth ****

19.08.05, Rita

ALIGN=JUSTIFY>Realização: Jim Jarmusch. Elenco: (Los Angeles) Gena Rowlands, Winona Ryder; (Nova Iorque) Armin Mueller-Stahl, Giancarlo Esposito, Rosie Perez; (Paris) Isaach De Bankolé, Béatrice Dalle, Pascal N'Zonzi, Emile Abossolo M'bo; (Roma) Roberto Benigni, Paolo Bonacelli; (Helsínquia) Matti Pellonpää, Kari Väänänen, Sakari Kuosmanen, Tomi Salmela. Nacionalidade: França / Reino Unido / Alemanha / EUA / Japão, 1991.


SRC=http://www.movieposter.com/posters/archive/main/9/A70-4965>


ALIGN=JUSTIFY> “Noite na Terra” é um relato episódico sobre a relação que se pode estabelecer entre duas pessoas que a única coisa que têm em comum é um trajecto de taxi. À mesma hora exacta, em cinco cidades diferentes, cinco taxistas apanham mais um passageiro.

ALIGN=JUSTIFY>Los Angeles: 07:07 PM.
Victoria (Gena Rowlands), agente cinematográfica, apanha um taxi do aeroporto com a maria-rapaz Corky (Winona Ryder), que não se deixa impressionar pelo poder de Victoria, nem pelo convite para se tornar numa estrela de cinema, preferindo seguir o seu sonho de ser mecânica como os irmãos mais velhos.

ALIGN=JUSTIFY>Nova Iorque: 10:07 PM.
YoYo (Giancarlo Esposito) consegue finalmente apanhar um taxi, mas cedo descobre que o seu condutor, Helmut (Armin Mueller-Stahl), um emigrante da Alemanha de leste, não faz ideia de como se conduz. É Yo Yo que que acaba por conduzi Helmut até Brooklin, não sem antes dar boleia à sua histérica cunhada Angela (Rosie Perez).

ALIGN=JUSTIFY>Paris: 04:07 AM.
Um taxista originário da Costa do Marfim (Isaach De Bankolé) expulsa dois diplomatas bêbados do seu carro, irritado pelos seus comentário preconceituosos. Apanha de seguida uma sarcástica mulher cega (Béatrice Dalle), e, desta vez, o preconceituoso é ele.

ALIGN=JUSTIFY>Roma: 04:07 AM.
Um padre (Paolo Bonacelli) é conduzido por um taxista (Roberto Benigni) que aproveita aquele serviço para confessar os seus pecados sexuais, da forma hilariante que apenas Benigni consegue. Enquanto isso, o seu passageiro agoniza no banco de trás com um ataque cardíaco.

ALIGN=JUSTIFY>Helsínquia: 05:07 AM.
No segmento mais melancólico, lembrando Aki Kaurismäki, Mika (Matti Pellonpää) responde à chamada de três colegas bêbados que se lamentam pela trágica má sorte de um deles. Mas Mika surpreende-os com uma história ainda mais dolorosa.

ALIGN=JUSTIFY>Cada um dos segmentos começa com imagens desoladoras, de edifícios, fachadas de bares fechados, carros abandonados, e relógios que marcam o tempo, inexorável. O taxi é, por excelência, um local de encontro, a maioria das vezes relegado para uma circunstância intermédia e sem relevância. E a noite o instante das vulnerabilidades.

ALIGN=JUSTIFY>Estas histórias sobrepostas capturam o carácter transitório da vida urbana, os encontros imprevisíveis, momentos mundanos e inconsequentes que ocorrem entre aquilo que costumamos considerar importante na vida: “live is what happens in between”.

ALIGN=JUSTIFY>O importante neste filme, onde pouco acontece, são as personagens, os diálogos, o ambiente e as relações que se estabelecem num período de tempo muito breve. Pela excentricidade de cada um são aflorados conceitos de pertença e de solidão. Mas a sensibilidade de Jarmusch perante as diferenças culturais impede uma visão preconceituosa e distante.

ALIGN=JUSTIFY>A valsa “Good Old World” de Tom Waits arrepia, e deixa-nos areia nos ouvidos, da mesma forma que o filme de Jarmusch crava em nós aqueles pedaços inacabados de vidas. Como diz Jarmusch: “Life has no plot, no real conclusion”.


WIDTH=70% COLOR=#E90909 SIZE=1>


ALIGN=JUSTIFY>CITAÇÕES:

ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA> “I've got my life all mapped out. There must be lotsa girls who want to be in the movies. Not me.”
WINONA RYDER (Corky)


ALIGN=JUSTIFY> “Taxista em Paris (ISAACH DE BANKOLÉ) – Don't blind people usually wear dark glasses?
Blind Woman (BÉATRICE DALLE) – Do they? I've never seen a blind person.”

ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA> “"Say a guy breaks up with his girl over the phone and he decides to go to see her and we cut from him leaving his apartment to him entering hers." That's missing the essential elements according to Jarmusch. He wants to show the man on the way to her apartment, show "how he was feeling, what he did and how he got there."”
JIM JARMUSCH, entrevista com Geoff Andrew, The Guardian, 15 Novembro 1999
















Charlie and the Chocolate Factory ****

16.08.05, Rita

ALIGN=JUSTIFY>Realização: Tim Burton. Elenco: Johnny Depp, Freddie Highmore, David Kelly, Helena Bonham Carter, Noah Taylor, Missi Pyle, James Fox, Deep Roy, Christopher Lee, Adam Godley, Franziska Troegner, Annasophia Robb, Julia Winter, Jordan Fry; Philip Wiegratz, Liz Smith, Eileen Essell, David Morris. Nacionalidade: EUA / Reino Unido, 2005.


SRC=http://upload.moldova.org/movie/movies/c/charlie_and_the_chocolate_factory/thumbnails/tn2_charlie_and_the_chocolate_factory_1.jpg>


ALIGN=JUSTIFY>A mais recente e louca fantasia de Tim Burton baseia-se no livro de Roald Dahl (1964), que já tinha sido levado ao grande ecrã por Mel Stuart no filme “Willy Wonka & the Chocolate Factory” (1971), com Gene Wilder no principal papel.

ALIGN=JUSTIFY>Esta é a história de Charlie (Highmore), um rapaz pobre que adora chocolate e que vive ao lado da maior fábrica de chocolate do mundo. Charlie apenas tem direito a uma barra de chocolate por ano – no dia do seu aniversário, que está mesmo à porta. Willy Wonka (Depp) é o excêntrico dono da fábrica, onde ninguém entra. Até ao dia em que Wonka lança um concurso que permite aos cinco premiados uma visita guiada pela fábrica. Para Charlie, e para a sua família, a possibilidade do prémio abre a porta ao sonho.

ALIGN=JUSTIFY>E é num sonho que entramos, mais uma vez, pela mão de Burton. Os delírios imaginativos deste realizador oferecem momentos de puro deleite: os cenários são alucinantes, de cor e surrealismo; os diálogos de um humor inteligente; as músicas de Danny Elfman (na sua 11ª colaboração com Burton), dançadas por 165 Oompa-Loompas (Roy) simplesmente hilariantes.

ALIGN=JUSTIFY>A tudo isto há que acrescentar os diversos estereótipos unidimensionais dos pecados infantis, representados por cada uma das outras quatro crianças – a mimada Veruca Salt (Winter), o guloso Augustus Gloop (Wiegratz), o viciado em televisão Mike Teavee (Fry) e a competitiva Violet Beauregarde (Robb) – e dos erros adultos (a disciplina excessiva e a condescendência desregrada).

ALIGN=JUSTIFY>O caminho de castigo e aprendizagem (?) efectuado pelos jovens tem algumas semelhanças com a estrada amarela d’O Feiticeiro de Oz, Willy Wonka tem algo do inadaptado Eduardo Mãos de Tesoura e do sempre criança Peter Pan. Com efeito, a própria fábrica é uma espécie de Terra do Nunca, onde se enfrentam medos e onde a fantasia é a ferramenta que concerta a realidade.

ALIGN=JUSTIFY>Curiosamente, foi em “Finding Neverland” (Marc Forster) que Freddie Highmore nos encantou o ano passado, também acompanhado de Johnny Depp. E de novo, o seu olhar doce derrete-nos. Infelizmente, parece que o que lhe espera será mais uma mão cheia de personagens deste tipo (protagonizará o próximo filme de Luc Besson – “Arthur and the Minimoys”, no qual David Bowie e Madonna emprestarão as suas vozes), mas ficamos à espera que ele cresça bem.

ALIGN=JUSTIFY>Quanto a Depp, que parece ser incapaz de fazer uma má interpretação e cujo prazer da representação passa através da tela, está delicioso: nos seus dentes irrepreensíveis, a palidez de quem não sai da sua fábrica, a frieza que mascara os seus traumas emocionais. Burton e o argumentista John August criaram-lhe uma backstory que não constava do livro. O peso desta narrativa complementar assume tal relevância que, em dado momento, até nos esquecemos de Charlie. Esta é, na minha opinião, a falha do filme de Burton: começar a contar uma história e acabar a contar outra.

ALIGN=JUSTIFY>Dada a tendência de Burton para alternar a genialidade superior (“Big Fish”) com a genialidade inferior (“Charlie and the Chocolate Factory”), as expectativas elevam-se ao aguardar por “Corpse Bride”, programado ainda para este ano.


WIDTH=70% COLOR=#E90909 SIZE=1>


ALIGN=JUSTIFY>CITAÇÕES:
ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA> “Charlie, money is everywhere. They print more and more of it every day. But that ticket? There are only five of them, and that's all there's ever going to be. Only a dummy would give this up for something as common as money. Are you a dummy?”
DAVID MORRIS (Grandpa George)


ALIGN=JUSTIFY> “Well, sometimes when grown-ups say "forever" they mean "a very long time".”
HELENA BONHAM CARTER (Mrs. Bucket)

ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA> “And in that moment I realised; "I must find a... heir/hair".”
JOHNNY DEPP (Willy Wonka)


ALIGN=JUSTIFY> “Mike Teavee – Who wants a beard?
Willy Wonka – Well, beatniks for one, folk singers and motorbike riders. Y'know. All those hip, jazzy, super cool, neat, keen, and groovy cats. It's in the fridge, daddy-o! Are you hip to the jive? Can you dig what I'm layin' down? I knew that you could. Slide me some skin, soul brother!”
JORDAN FRY (Mike Teavee) e JOHNNY DEPP (Willy Wonka)

ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA> “Everything in this room is eatable. Even I'm eatable. But that is called cannibalism, my dear children, and is in fact frowned upon in most societies.”
JOHNNY DEPP (Willy Wonka)


ALIGN=JUSTIFY> “Well, nothing goes better with cabbage than cabbage.”
HELENA BONHAM CARTER (Mrs. Bucket)

ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA> “Charlie Bucket – Whipped cream?
Willy Wonka – Of course! Everyone knows that to get whipped cream you have to use real whips!”
FREDDIE HIGHMORE (Charlie Bucket) e JOHNNY DEPP (Willy Wonka)


ALIGN=JUSTIFY> “The best kind of prize is a SURprise!”
JOHNNY DEPP (Willy Wonka)

ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA> “Lollipops. What we call cavities on a stick!”
CHRISTOPHER LEE (DR. Wonka)


ALIGN=JUSTIFY> “Mike Teavee – Why is everything here completely pointless?
Charlie Bucket – Candy doesn't have to have a point. That's what makes it candy.”
JORDAN FRY (Mike Teavee) e FREDDIE HIGHMORE (Charlie Bucket)


ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA> “Mike Teavee – Just put me back in the other way.
Willy Wonka – There is no other way. It's television not telephone, quite a difference.”
JORDAN FRY (Mike Teavee) e JOHNNY DEPP (Willy Wonka)


ALIGN=JUSTIFY> “Charlie Bucket – What do you have against my family?
Willy Wonka – It's not just your family. It's the whole idea of... you know, they're always telling you what to do and what not to do and it's not conducive to a creative atmosphere.”
FREDDIE HIGHMORE (Charlie Bucket) e JOHNNY DEPP (Willy Wonka)

ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA> “Willy Wonka – What do you think about raspberry kites?
Charlie Bucket – With liquorice instead of string?
Mrs. Bucket – Boys, no business at the dinner table.”
JOHNNY DEPP (Willy Wonka), FREDDIE HIGHMORE (Charlie Bucket) e HELENA BONHAM CARTER (Mrs. Bucket)























A Woman Under The Influence ****

08.08.05, Rita

ALIGN=JUSTIFY>Realização: John Cassavetes. Elenco: Peter Falk, Gena Rowlands. Nacionalidade: EUA, 1974.


SRC=http://filmsociety.wellington.net.nz/db/images/WomanInfluence.jpg>


ALIGN=JUSTIFY>Amar uma pessoa é aceitá-la. Mas, se essa pessoa se desintegra psicologicamente, quais são os pedaços que devemos salvar?
ALIGN=JUSTIFY>“A Woman Under The Influence” é um belíssimo filme, genialmente interpretado, sobre o limite da sanidade, o limite do desespero, o limite do amor.

ALIGN=JUSTIFY>John Cassavetes apresenta-nos um casal de classe média: Mabel (Gena Rowlands) e Nick (Peter Falk). Nick trabalha na construção civil, onde é explorado com vários turnos seguidos. Mabel despacha os três filhos para casa da sua mãe para ter uma noite romântica com Nick. Ele fica retido no trabalho, Mabel começa a descer ao abismo da demência latente.

ALIGN=JUSTIFY>O esforço desmesurado em cumprir com as exigências dos outros, a diferentes níveis, nem sempre é um processo pacífico. Por vezes, apenas a loucura permite enfrentar a suposta sanidade de uma sociedade que elevou os mais loucos princípios à categoria de valores.

ALIGN=JUSTIFY>Mabel é espontânea, no seu afecto, na sua alegria, na sua ansiedade, na sua tristeza. E é isso que lhe é condenado. Características que nos vão depreciando à medida que crescemos, porque se impõe o controlo, o comedimento, o fingimento.

ALIGN=JUSTIFY>Nick, em contrapartida, é o normal, o responsável, o equilibrado. Mas é ele que diz “não” ao patrão, mas depois acede humilde. É ele que tem explosões agressivas com a sua família e amigos. É dele, afinal, que temos medo. Não da “loucura” de Mabel.

ALIGN=JUSTIFY>Mas entre eles e ao seu redor existe amor, um amor que quer salvar, mas também um amor que, felizmente, aceita a possibilidade de condenação.


WIDTH=70% COLOR=#E90909 SIZE=1>


ALIGN=JUSTIFY>CITAÇÕES:

ALIGN=JUSTIFY>“I make a jerk out of myself every day.”
GENA ROWLANDS (Mabel Longhetti)


COLOR=#AAAAAA>ALIGN=JUSTIFY>TRIVIA:

ALIGN=JUSTIFY>Gena Rowlands foi nomeada para o Oscar de Melhor Actriz, mas perdeu-o para Ellen Burstyn, por “Alice Doesn't Live Here Anymore”, de Martin Scorsese.

ALIGN=JUSTIFY>A mãe de Mabel é representada pela própria mãe de Gena Rowlands, enquanto a mãe de Nick é representada pela mãe de John Cassavetes, ou seja, a sogra de Rowlands.












Madagascar ***

05.08.05, Rita

Realização: Eric Darnell e Tom McGrath. Vozes V.O.: Ben Stiller, Chris Rock, David Schwimmer, Jada Pinkett Smith, Sacha Baron Cohen, Cedric the Entertainer, Andy Richter. Nacionalidade: EUA, 2005.





O primeiro abalo sério na história do cinema de animação foi “Toy Story” (Pixar, 1995), com as suas inovações técnicas. Em 2001, foi a vez da desconstrução do conteúdo narrativo, com “Shrek” (DreamWorks). Depois seguiram-se genialidades como “Ice Age” (Fox, 2002), “The Incredibles” (Pixar, 2004) e “Shrek 2” (DreamWorks, 2004). “Madagascar” vende-se facilmente através da expressão “dos mesmos criadores de Shrek e Shark Tale”, mas o único ponto em comum é o facto de serem ambos da DreamWorks, o que, dado a fasquia elevada que se estabeleceu, não é de todo suficiente. Para o comprador é a frustração.


A linearidade da história e o humor demasiado fácil abafam um bom trabalho gráfico e personagens que teriam bastante mais para contar.


O leão Alex (Stiller), a zebra Marty (Rock), a girafa Melman (Schwimmer) e a hipopótamo Gloria (Pinkett Smith) vivem felizes em cativeiro no Zoo de Central Park. Até que um grupo de pinguins decide fugir, e lança a semente do “mundo selvagem” na mente de Marty, que recentemente cumpriu 10 anos e se encontra naquela fase da vida em que precisa compreender se é preto às riscas brancas ou branco às riscas pretas. A fuga de Marty, e a tentativa dos seus amigos o impedirem, leva os quatro até África.


“Madagascar” enche-nos a vista com cores intensas, cenários deslumbrantes e detalhes impressionantes, como é o caso da água. Isso permite distrairmo-nos de uma história pouco cativante, onde aos heróis é dado muito pouco. O próprio casting de vozes na versão original deixa muito a desejar. Salvam-se o hiperactivo Rock como Marty (se nos abstrairmos de o comparar com Eddy Murphy em “Shrek”) e o hipocondríaco Schwimmer como Melman. No entanto, a melhor contribuição está a cargo de Baron Cohen (mais conhecido pela personagem Ali G), dando voz ao Rei Julien, um lémure megalómano.


O investimento em todos estes nomes parece ter exigido poupar-se no trabalho de fundo. “Madagascar” não arrisca o suficiente para encaixar nesta nova vaga do cinema de animação, ao mesmo tempo que a “moral” que deixa no ar – a verdadeira amizade vale mais que um bife – não o deixa também entrar no grupo mais tradicional.


A grande vantagem de “Madagascar” é ter estreado no Verão, o que, dada a reduzida qualidade da oferta, faz com que ainda assim seja uma das melhores opções para desfrutar do ar condicionado. Pelo menos enquanto se espera pelo fresco de “Ice Age 2: The Meltdown”, que só chegará para o ano que vem.



Playtime - a humilhação da modernidade

02.08.05, Rita

ALIGN=JUSTIFY>Realização: Jacques Tati. Elenco: Jacques Tati, Barbara Dennek. Nacionalidade: França / Itália, 1967.


SRC=http://www.sensesofcinema.com/images/directors/02/playtime3.jpg>


ALIGN=JUSTIFY> Porque o moderno é tantas vezes ridículo, fui descobrir o passado com Jacques Tati. A inteligente ironia, o sentido de humor acutilante, Paris reflectida em espelhos de vidro, a vida reflectida em objectos frios.