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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

Boxing Day **

21.05.08, Rita

Realização: Kriv Stenders. Elenco: Richard Green, Tammy Anderson, Syd Brisbane, Stuart Clark, Catriona Hadden, Misty Sparrow. Nacionalidade: Austrália, 2007.





“Boxing Day” acompanha em tempo real 82 minutos da vida de Chris (Richard Green), um ex-presidiário e alcoólico em recuperação que, no dia seguinte ao Natal, se prepara para receber a visita da sua cunhada Donna (Tammy Anderson) e da sua sobrinha Brooke (Misty Sparrow) que ele criou como sua filha e o novo namorado de Donna, Dave (Syd Brisbane). Mas antes da sua chegada, Chris recebe a inesperada visita de Owen (Stuart Clark), um ex-companheiro de prisão, cuja proposta de negócio é veementemente rejeitada por Chris. Owen acaba por abandonar a casa de Chris, não sem antes deixar atrás de si uma informação com efeitos devastadores.


Ainda que pareça um único take, “Boxing Day” é composto de cerca de uma dúzia de longos takes que lhe conferem um forte tom documental, reforçado pelo diálogo maioritariamente improvisado, pela utilização da luz natural, sem música e praticamente sem montagem.


A câmara de Kriv Stenders, co-autor do argumento juntamente com o protagonista Richard Green, segue Christ por toda a casa, contornando todas as esquinas e voltando para trás em cada canto. O espaço compacto onde se desenrola a acção é um paralelo para a falta de escolhas com que Chris se vê confrontado. Aos poucos vemos a tentativa que faz para recuperar a sua vida, e o seu tormento interior perante um dilema moral.


Num elenco em que apenas um actor (Brisbane) é profissional, o mérito vai todo para Richard Green que carrega o peso deste filme aos ombros. Num registo que vai da fragilidade e insegurança à raiva e desespero, é ele que mantém a nossa atenção focada. Apesar de não chegar à hora e meia e da agilidade permitida pela câmara, o ritmo de “Boxing Day” arrasta-se de uma forma que ultrapassa o tempo real, o que acaba por prejudicar quer os momentos de tensão (levados a um extremo exagerado) quer os de explosão (que surgem com um incómodo toque de alívio).


Ter-se-ia apreciado uma melhor gestão da intensidade e uma maior contenção na facilidade dramática.















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