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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

In Her Shoes **

14.11.05, Rita

Realização: Curtis Hanson. Elenco: Cameron Diaz, Toni Collette, Mark Feuerstein, Shirley MacLaine, Richard Burgi, Brooke Smith, Candice Azzara, Alan Blumenfeld, Marcia Jean Kurtz. Nacionalidade: EUA, 2005.





Quem se lembra de “LA Confidential” terá dificuldades em acreditar que Curtis Hanson se tenha sentido inspirado pelo livro de Jennifer Weiner para fazer uma “female-bonding story”, à qual se juntaram os produtores e irmãos Ridley e Tony Scott.


A acção gira em torno de duas irmãs, que cresceram sem a sua mãe: Maggie (Cameron Diaz), que não pára num emprego, iletrada e disléxica, emocionalmente imatura, mas com sentido estético, e que vai pelo mundo alardeando a sua boa aparência e a sua sexualidade; e Rose (Tony Collette), a responsável, advogada de sucesso em Filadélfia, workaholic, mas com baixa auto-estima. A única coisa que têm em comum é o número que calçam.


Dado o seu comportamento repetitivamente errante, a madrasta de ambas expulsa Maggie de casa do pai e Rose, assumindo mais uma vez o papel materno, vê-se obrigada a receber a irmã. Mas tomar conta de Maggie é uma verdadeira batalha, especialmente quando se tem uma vida própria para viver. Num crescendo de desespero, Rose expulsa Maggie, que acaba por ir procurar ajuda junto da avó recém-descoberta (Shirley McLaine), que vive numa comunidade de reformados na Flórida. Enquanto Maggie vai lutar por colocar a sua vida nos eixos, Rose lutará por descobrir o que quer realmente da vida. O desfecho não surpreende: a reaproximação das irmãs é inevitável.


Mas para quem defenda que todas as histórias em cinema já foram contadas e o que importa é a forma, temos os pontos altos de leitura de poemas de Elizabeth Bishop e E.E.Cummings, que, ainda assim, não atribuem seriedade suficiente à leveza com que os problemas emocionais são tratados. Em vez do longo caminho de construção de uma amizade, somos levados por uma montanha russa de emoções, com todos os desgostos e sentimentalismos possíveis, com o único propósito de puxar pela lágrima.


As lições de vida que as personagens vão tendo, com situações que se precipitam em cada cena, implicariam, na realidade, anos de terapia e uns quantos casamentos falhados. Já para não falar da inverosimilhança de que Diaz e Collette pudessem alguma vez ser irmãs. Um casting que prejudica a história e que prejudica, sobretudo, Cameron Diaz. Apesar de estar a ser apontada como uma das suas melhores representações, teve a infelicidade de ser emparelhada com uma actriz infinitamente melhor que ela, Toni Collette (“Muriel’s Wedding” de P.J.Hogan – 1994, “The Sixth Sense” de M.Night Shyamalan – 1999, “Japanese Story” de Sue Brooks – 2003), que carrega a carga dramática do filme. Mas soube bem rever MacLaine, trazendo-nos à lembrança o “Terms of Endearment” (James L.Brooks, 1983).


Destes 130 minutos retiram-se dois poemas de indiscutível beleza, e duas personagens pouco empáticas, uma preocupada com futilidades e a outra com uma noção antiga de amor. Soa a estereótipos? Pois, é isso mesmo. Já vimos estas personagens vezes sem conta, e esta não será certamente a última vez.






CITAÇÕES:

ONE ART
Elizabeth Bishop


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<br> <P ALIGN=JUSTIFY><B>Realização</B>: Curtis Hanson. <B>Elenco</B>: Cameron Diaz, Toni Collette, Mark Feuerstein, Shirley MacLaine, Richard Burgi, Brooke Smith, Candice Azzara, Alan Blumenfeld, Marcia Jean Kurtz. <B>Nacionalidade</B>: EUA, 2005.</P> <br><br> <CENTER><IMG SRC=http://us.movies1.yimg.com/movies.yahoo.com/images/hv/photo/movie_pix/twentieth_century_fox/in_her_shoes/_group_photos/cameron_diaz5.jpg></CENTER> <br><br> <P ALIGN=JUSTIFY>Quem se lembra de <I>“LA Confidential”</I> terá dificuldades em acreditar que Curtis Hanson se tenha sentido inspirado pelo livro de Jennifer Weiner para fazer uma <I>“female-bonding story”</I>, à qual se juntaram os produtores e irmãos Ridley e Tony Scott. </P> <br> <P ALIGN=JUSTIFY>A acção gira em torno de duas irmãs, que cresceram sem a sua mãe: Maggie (Cameron Diaz), que não pára num emprego, iletrada e disléxica, emocionalmente imatura, mas com sentido estético, e que vai pelo mundo alardeando a sua boa aparência e a sua sexualidade; e Rose (Tony Collette), a responsável, advogada de sucesso em Filadélfia, <I>workaholic</I>, mas com baixa auto-estima. A única coisa que têm em comum é o número que calçam. </P> <br> <P ALIGN=JUSTIFY>Dado o seu comportamento repetitivamente errante, a madrasta de ambas expulsa Maggie de casa do pai e Rose, assumindo mais uma vez o papel materno, vê-se obrigada a receber a irmã. Mas tomar conta de Maggie é uma verdadeira batalha, especialmente quando se tem uma vida própria para viver. Num crescendo de desespero, Rose expulsa Maggie, que acaba por ir procurar ajuda junto da avó recém-descoberta (Shirley McLaine), que vive numa comunidade de reformados na Flórida. Enquanto Maggie vai lutar por colocar a sua vida nos eixos, Rose lutará por descobrir o que quer realmente da vida. O desfecho não surpreende: a reaproximação das irmãs é inevitável. </P> <br> <P ALIGN=JUSTIFY>Mas para quem defenda que todas as histórias em cinema já foram contadas e o que importa é a forma, temos os pontos altos de leitura de poemas de Elizabeth Bishop e E.E.Cummings, que, ainda assim, não atribuem seriedade suficiente à leveza com que os problemas emocionais são tratados. Em vez do longo caminho de construção de uma amizade, somos levados por uma montanha russa de emoções, com todos os desgostos e sentimentalismos possíveis, com o único propósito de puxar pela lágrima. </P> <br> <P ALIGN=JUSTIFY>As lições de vida que as personagens vão tendo, com situações que se precipitam em cada cena, implicariam, na realidade, anos de terapia e uns quantos casamentos falhados. Já para não falar da inverosimilhança de que Diaz e Collette pudessem alguma vez ser irmãs. Um <I>casting</I> que prejudica a história e que prejudica, sobretudo, Cameron Diaz. Apesar de estar a ser apontada como uma das suas melhores representações, teve a infelicidade de ser emparelhada com uma actriz infinitamente melhor que ela, Toni Collette (<I>“Muriel’s Wedding”</I> de P.J.Hogan – 1994, <I>“The Sixth Sense”</I> de M.Night Shyamalan – 1999, <a href=http://cinerama.blogs.sapo.pt/68892.html target=_blank><I>“Japanese Story”</I></a> de Sue Brooks – 2003), que carrega a carga dramática do filme. Mas soube bem rever MacLaine, trazendo-nos à lembrança o <I>“Terms of Endearment”</I> (James L.Brooks, 1983). </P> <br> <P ALIGN=JUSTIFY>Destes 130 minutos retiram-se dois poemas de indiscutível beleza, e duas personagens pouco empáticas, uma preocupada com futilidades e a outra com uma noção antiga de amor. Soa a estereótipos? Pois, é isso mesmo. Já vimos estas personagens vezes sem conta, e esta não será certamente a última vez. </P><br><BR><CENTER><HR WIDTH=70% COLOR=#E90909 SIZE=1></CENTER><br><br> <P ALIGN=JUSTIFY><B>CITAÇÕES</B>: </P> <FONT COLOR=#E90909><B>ONE ART</B><BR><FONT SIZE=1>Elizabeth Bishop</FONT></FONT><FONT COLOR=#AAAAAA><BR><BR><The art of losing isn’t hard to master;<BR>so many things seem filled with the intent<BR>to be lost that their loss is no disaster. <BR><BR>Lose something everyday. Accept the fluster<BR>of lost door keys, the hour badly spent. <BR>The art of losing isn't hard to master. <BR><BR>Then practice losing farther, losing faster: <BR>places, and names, and where it was you meant<BR>to travel. None of these things will bring disaster. <BR><BR>I lost my mother's watch. And look! my last, or<BR>next-to-last, of three loved houses went. <BR>The art of losing isn't hard to master. <BR><BR>I lost two cities, lovely ones. And, vaster, <BR>some realms I owned, two rivers, a continent. <BR>I miss them, but it wasn't a disaster. <BR><BR>-Even losing you (the joking voice, a gesture<BR>I love) I shan't have lied. It's evident<BR>the art of losing's not too hard to master<BR>though it may look like (Write it!) like disaster. <BR><BR><BR><FONT COLOR=#E90909><B>I CARRY YOUR HEART WITH ME</B><BR><FONT SIZE=1>E.E.Cummings</FONT></FONT><FONT=#AAAAAA><BR><BR>I carry your heart with me (I carry it in my heart) <BR>I am never without it (anywhere I go you go, my dear; <BR>and whatever is done by only me is your doing, my darling) <BR>I fear no fate (for you are my fate, my sweet) <BR>I want no world (for beautiful you are my world, my true) <BR>and it's you are whatever a moon has always meant<BR>and whatever a sun will always sing is you<BR><BR>here is the deepest secret nobody knows<BR>(here is the root of the root and the bud of the bud<BR>and the sky of the sky of a tree called life; which grows<BR>higher than the soul can hope or mind can hide) <BR>and this is the wonder that's keeping the stars apart<BR><BR>I carry your heart (I carry it in my heart) </FONT> <br><br>