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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

Lust, Caution *

12.02.08, Rita

T.O.: Se, Jie. Realização: Ang Lee. Elenco: Tony Leung, Tang Wei, Joan Chen, Wang Leehom. Nacionalidade: EUA / China / Taiwan / Hong Kong, 2007.





Em 1938, os japoneses ocupam a China. A jovem Wong Chia Chi (Tang Wei) junta-se ao grupo de teatro da sua universidade, empenhado em usar peças patrióticas para fazer frente aos ocupantes. Face às atrocidades praticadas, Kuang Yu Min (Wang Leehom), o chefe do grupo, instiga-os a acções mais drásticas (e dramáticas). Em concreto, a missão de eliminar Yee (Tony Leung) um alto funcionário chinês colaboracionista. Wong Chia Chi tranforma-se assim na rica Sra. Mak, e infiltra-se na vida de Yee, primeiro ficando amiga da sua mulher (Joan Chen) e depois tornando-se amante de Yee.


Um trailer relativamente fraco e apregoadas cenas de sexo dificilmente me arrastariam para a sala de cinema. Mas o nome Ang Lee, com uma bagagem como “Crouching Tiger, Hidden Dragon” ou “Brokeback Mountain”, e carregando os nomes de Tony Leung e Joan Chen, pareciam uma aposta segura. Perdi.


O filme premiado com o Leão de Ouro na edição do passado ano do Festival de Veneza é um exercício estilístico monótono e totalmente desnecessário. O argumento de James Schamus e Wang Hui-Ling adapta o conto de Eileen Chang, é longo e mortiço, contando com um dos piores trabalho de tradução e legendagem de que tenho memória. Nem a bela fotografia de Rodrigo Prieto nem a música de Alexandre Desplat conseguem salvar a feia gestão de tempo, a falta de ritmo e as opções formais de Ang Lee. O realizador perde-se em intermináveis jogos de majong e em acrobacias sexuais que por muito bem filmadas que estejam não servem a narrativa.


Aquilo que provavelmente tencionava criar mistério, cria apenas tédio, porque Ang Lee não nos consegue fazer aproximar das suas personagens nem dos seus dilemas, apesar de todo o talento de Tony Leung e da versatilidade da jovem Tang Wei (nem vale a pena mencionar Joan Chen que é completamente negligenciada). O tempo e os timings, que por exemplo Wong Kar Wai (“In the Mood for Love”, “2046”) gere com mestria, são qualidades essenciais num contador de histórias. Mas para isso, é preciso que o silêncio e os corpos tenham significado. Em “Lust, Caution” servem apenas o umbigo estilístico de Ang Lee (ou a sua inaptidão), que consegue ser chato onde Wong Kar Wai nunca foi, e mostrando muito menos pele.


“Lust, Caution” queria ser uma história sobre como o amor e o desejo nos podem levar a fazer coisas que não esperávamos, sobre a perda de inocência, sobre a traição e a falsidade. Ironicamente, acaba por ser bastante eficaz neste último ponto, ao ser, em si mesmo, um crasso exemplo da ‘forma pela forma’, a sedução sem comprometimento, a beleza oca.















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