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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

Ensemble, C’est Tout ***

26.10.07, Rita

Realização: Claude Berri. Elenco: Audrey Tautou, Guillaume Canet, Laurent Stocker, Françoise Bertin. Nacionalidade: França, 2007.





Camille (Audrey Tautou) é uma frustrada e anoréctica artista, que paga as suas contas fazendo a limpeza de um escritório em Paris. O mísero sótão que habita é no mesmo prédio que a espaçosa casa do charmoso e tímido aristocrata Philibert Marquet de la Tubelière (Laurent Stocker), que partilha o imóvel da sua falecida avó com o amigo Franck (Guillaume Canet), cozinheiro num restaurante, cansado de usar a sua única folga semanal para visitar a avó Paulette (Françoise Bertin), por sua vez infeliz por ter sido obrigada a trocar a sua casa de tantos anos por um lar.


São estas as quatro personagens em torno das quais gira “Ensemble, C’est Tout”, um filme com o merecido valor de tentar sair dos padrões das comédias românticas. Primeiro, porque é sobretudo um filme sobre amizades improváveis; segundo, porque as personagens são bem mais terrenas e simples que as habituais e as suas dificuldades perfeitamente quotidianas; e terceiro, o argumento de Claude Berri, que adapta o romance de Anna Gavalda, permite às personagens transgressões na sua esperada tipologia.


Sem o romantismo meloso e irreal para o qual se tende demasiado frequentemente, “Ensemble, C’est Tout” evidencia um esforço de realismo, que, infelizmente, não se sustém até ao final. O que é uma pena, porque estas personagens não mereciam uma solução tão cliché.


O ponto forte de “Ensemble, C’est Tout” reside na dinâmica entre as personagens, na veracidade da sua empatia e/ou conflito, e na coerência da evolução das suas relações (apesar de nunca ser explicado como Philibert e Franck se tornaram amigos). Todos eles se sentem torturados, mental ou fisicamente, por outros, pelo seu trabalho ou por si mesmos. Todos eles se sentem atormentados com o futuro, com a perspectiva do envelhecimento, da doença e da mortalidade. Todos eles projectam nos outros as suas próprias frustrações.


O elenco é dominado pelas jovens estrelas francesas Audrey Tautou (“Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain”, “Un Long Dimanche de Fiançailles”) e Guillaume Canet (“Jeux d’Enfants”), mas quem sobressai é Laurent Stocker como Philibert, desarmante nas aulas de locução de Philippe Van Eeckhout, ortofonista na vida real.


Aprender a viver juntos na diferença pode ser um processo agridoce, mas ‘lar’ é, e sempre será, um conceito emocional.
















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