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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

The Condemned *

24.07.07, Rita

Realização: Scott Wiper. Elenco: Steve Austin, Vinnie Jones, Rick Hoffman, Robert Mammone, Tory Mussett, Christopher Baker, Sam Healy, Madeleine West, Luke Pegler, Masa Yamaguchi, Emelia Burns, Manu Bennett, Dasi Ruz, Marcus Johnson, Nathan Jones. Nacionalidade: EUA, 2007.





Sob pena dos meus amigos colocarem a sua amizade por mim em questão quando souberem que eu fui ver este filme (julgo que a desculpa de ver erradamente o horário do “Alpha Dog” não ajuda a inocentar-me), ainda considerei nem sequer escrever esta crítica. Mas quem me ama, tem de gostar de mim pelo que sou. E eu sou uma das pessoas que foi ver este filme. Mas é com arrependimento que o digo, se isso me pode valer de algo.


Foi a premissa que me impeliu, fazendo-me lembrar de um filme que vi há uns anos, “Series 7: The Contenders” (2001) de Daniel Minahan, e que recomendo. O ‘ultimate reality show’ é aquele em que os concorrentes vão sendo eliminados – eliminados, mesmo eliminados – um a um.


Em “The Condemned” dez homens e mulheres condenados à morte em prisões de todo o mundo são os concorrentes num concurso mistura de ‘Big Brother’ e ‘Survivor’, que será transmitido pela Internet num sistema pay per view, e recheando a conta do seu criador, Ian Breckel (Robert Mammone). Os concorrentes terão de lutar até à morte numa ilha deserta, o vencedor ganhará a liberdade. Entre eles está Jack Conrad (Steve Austin, profissional de wrestling), um ex-agente do governo americano capturado em El Salvador. O seu maior rival será Ewan (Vinnie Jones), um ex-agente das forças especiais britânicas com sérios instintos sádicos.


A cobertura televisiva está garantida em quase todos os pontos da ilha, o que permite desculpar o facto de uma série de conversas e situações passarem desapercebidas à equipa de filmagens. As tremuras da câmara, na tentativa de dar realismo às imagens, torna-se simplesmente aborrecido, já para não falar dos planos totalmente impossíveis tendo em conta a colocação das supostas câmaras.


As personagens são assustadoramente unidimensionais, Steve Austin é uma estátua de expressividade, e parece que os assassinos treinados pelos governos são mais inteligentes que os outros. De entre o elenco de quase desconhecidos, apenas Vinnie Jones (“Snatch”, 2000) se safa (por isso só ele merece foto).


“The Condemned” tem ainda a presunção de uma mensagem, sem no entanto dispor da inteligência exigida para uma sátira. Ele próprio pode ser metáfora do vazio que a sociedade actual assumiu como entretenimento. O filme é, em si mesmo, aquilo que condena. O que até poderia fazer um irónico sentido, não soasse a um fraco moralismo para justificar a sádica e delirante carnificina (que chega a grassar o ridículo). O espectador que acaba por considerar os verdadeiros maus a equipa de filmagens que está por detrás do ‘reality show’ facilmente se sentirá ressentido perante quem fez “The Condemned”.


Não é a violência filmada que me choca (não sou uma pessoa muito susceptível, e, de uma forma que não nego seja inquietante, sou daquelas pessoas que compra a violência ficcionada), mas até a violência no cinema exige qualidade e bom gosto. Foi teimosia querer ir ao cinema nesse dia. Para o efeito que se pretendia, que era manter-me acordada até à hora de ir beber um copo ao Bairro Alto também serviu. Mas para nada mais.






CITAÇÕES:


“This is not war, this is television. Much more complicated.”
ROBERT MAMMONE (Ian Breckel)





















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