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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

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CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

Clássicos Pendentes IV - THE GRADUATE

21.12.05, Rita

THE GRADUATE - A PRIMEIRA NOITE

Realização: Mike Nichols. Elenco: Anne Bancroft, Dustin Hoffman, Katharine Ross, William Daniels, Murray Hamilton, Elizabeth Wilson. Nacionalidade: EUA, 1967.




Benjamin Braddock (Dustin Hoffman) é um jovem recém-licenciado que regressa a casa sem quaisquer perspectivas de futuro. O sentimento de deslocamento agrava-se com a sua incapacidade de assumir qualquer compromisso, ou qualquer escolha. As elevadas expectativas da família e dos amigos com a sua cara educação vêem-se frustradas na atitude de Benjamin, que apenas consegue andar de volta da piscina sentindo uma enorme repugnância e superioridade relativamente ao estilo de vida dos seus pais. Mas, simultaneamente, falta-lhe a ambição e a coragem para se libertar dessa prisão.


A vida de Benjamin sofre um abalo quando ele se vê seduzido pela mulher do sócio do seu pai, Mrs.Robinson (Anne Bancroft), o paradigma da dona de casa aborrecida e predadora, controladora, amargurada, mas com momentos de quase vulnerabilidade. A relação entre os dois que começa como uma forte emoção (mais de perigo que de paixão) é abalada com a chegada da filha de Mrs.Robinson, Elaine (Katherine Ross), uma inocente mas forte universitária por quem Benjamim se sente imediatamente atraído, muito a contra-gosto da sua amante. A decadência da relação que se estabelece entre os dois vai crescendo à medida que o tédio toma conta de Benjamim e o foco de emoção se desloca para Elaine.


Nichols utiliza o humor como elemento crítico, mais do que de entertenimento, e faz uso de uma série de técnicas que câmara, já exploradas em anúncios televisivos mas à data inovadoras no cinema, incutando uma liberdade face às anteriores limitações (visto à luz de hoje, há zooms que parecem excessivos, quer no momento em que surgem quer na intensidade).


“The Graduate” assume a banda sonora como parte interveniente na história. Ainda que muitas canções não se cinjam a um momento específico, elas acompanham o estado de alma das personagens e o filme serve de montra ao trabalho de Simon And Garfunkel, que, em retribuição, imortalizaram Mrs.Robinson no célebre tema com o mesmo nome.


À laia de crítica ao estilo de vida da classe burguesa de Los Angeles, com a suas piscinas, os seus bares, o seu dinheiro, a sua solidão e a sua hipocrisia, o filme de Mike Nichols (baseado no livro de Charles Webb) pega num anti-herói e leva-o num processo evolutivo e credível que o transforma de um virgem hesitante num homem seguro de si mesmo. Curiosamente, o final do filme, que atinge um climax de esperança num amor sincero e honesto, termina com uma nota cruel que insinua que tudo será como antes, onde o passado está condenado a repetir-se.



RAZÕES PARA VER:
- Pela convincente interpretação de Hoffman (nas suas diversas facetas)
- Pela claustrofobia de um fato de mergulho.