La Vie En Rose - La Môme ***
Realização: Olivier Dahan. Elenco: Marion Cotillard, Sylvie Testud, Pascal Greggory, Emmanuelle Seigner, Jean-Paul Rouve, Gérard Depardieu, Clotilde Courau, Jean-Pierre Martins, Catherine Allégret, Marc Barbé. Nacionalidade: França / Reino Unido / República Checa, 2007.
Se “La Vie En Rose” pode lançar algumas dúvidas sobre a beleza de Marion Cotillard, dada a intervenção de caracterização a que foi sujeita, por outro lado reforça todas as certezas quanto à sua qualidade como actriz. Num filme que peca por opções de realização bastante discutíveis, Cotillard (“Jeux d'Enfants”, “A Good Year”) carrega “La Vie En Rose” como se aquela tivesse sido a sua vida.
A acção tem início em 1959, quando Edith Piaf desmaia no espectáculo em Nova Iorque. A partir daqui inicia-se uma viagem organizada em saltos temporais, nem sempre claros, entre diversas épocas da vida daquela que é indubitavelmente uma lenda da música francesa.
Piaf nasce Edith Giovanna Gassion em 1915 no bairro de emigrantes de Belleville em Paris. Parte da sua infância , inclusive uma grave crise de conjuntivite, foi passada na Normandia, no bordel gerido pela sua avó. Mais tarde viajou pelo país com o circo em que o pai (Jean-Paul Rouve), contorcionista, trabalhava. Edith começou a ganhar dinheiro cantando nas ruas de Paris com a sua amiga Mômone (Sylvie Testud), e aí foi descoberta por Louis Leplée (Gérard Depardieu), dono de um cabaret que a colocou no caminho do estrelato.
Querendo fugir do biopic habitual Olivier Dahan (“Les Rivières Pourpres 2 - Les Anges de l'Apocalypse”, 2004) alterou a estrutura temporal da história. Infelizmente, isso veio fazer mais mal do que bem. Existem diversos momentos em que os contrastes não são suficientes para evitar a confusão na mente do espectador. Além disso, Dahan negligencia por completo todo o período da Segunda Guerra Mundial e elementos como a amizade de Piaf com Marlene Dietrich, Charles Aznavour ou Jean Cocteau, dando, em contrapartida, demasiado tempo de ecrã a Marcel Cedan (Jean-Pierre Martins), campeão de boxe casado com quem Piaf teve uma trágica história de amor.
Ainda assim, “La Vie En Rose” capitaliza numa grande personagem e numa voz tão cheia de emoção que se cola ao peito e o aperta até a respiração ser obrigada a sair pelos olhos.
Edith Piaf foi uma mulher cheia de contrastes até à sua morte em 1963 aos 47 anos. Entre a agressividade e a fragilidade, viciada em álcool e em morfina, egoísta e rebelde, condensou em si toda a essência da cidade de Paris e numa canção toda a essência da sua vida: sem arrependimentos.
CITAÇÕES:
Jornalista - Que conseill pour la vie donnez vous a une femme? NON, JE NE REGRETTE RIEN
Edith Piaf - Aimez.
Jornalista - Et a une jeune fille?
Edith Piaf - Aimez.
Jornalista - Et a un enfant?
Edith Piaf - Aimez.”
PAULINA NEMCOVA (jornalista) e MARION COTILLARD (Edith Piaf)
(letra de Michel Vaucaire e música de Charles Dumont, 1956)
Non! Rien de rien
Non! Je ne regrette rien
Ni le bien qu'on m'a fait
Ni le mal tout ça m'est bien égal!
Non! Rien de rien
Non! Je ne regrette rien
C'est payé, balayé, oublié
Je me fous du passé!
Avec mes souvenirs
J'ai allumé le feu
Mes chagrins, mes plaisirs
Je n'ai plus besoin d'eux!
Balayées les amours
Et tous leurs trémolos
Balayés pour toujours
Je repars à zéro
Non! Rien de rien
Non! Je ne regrette rien
Ni le bien, qu'on m'a fait
Ni le mal, tout ça m'est bien égal!
Non! Rien de rien
Non! Je ne regrette rien
Car ma vie, car mes joies
Aujourd'hui, ça commence avec toi!