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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

Sexualidades - En Soap ***

25.04.07, Rita

Realização: Pernille Fischer Christensen. Elenco: Trine Dyrholm, David Dencik, Frank Thiel, Elsebeth Steentoft. Nacionalidade: Suécia / Dinamarca, 2006.





Veronica (David Dencik) é um transexual que divide calmamente a sua vida entre os seus clientes masculinos, a sua cadela Miss Daisy, e as abruptas incursões da sua mãe na sua vida solitária, enquanto aguarda a carta que lhe permita fazer a operação de mudança de sexo pela qual anseia. Ah, e também é viciada numa “soap opera” americana. Mas o aparecimento da nova vizinha (“Neighbours”???) Charlotte (Trine Dyrholm), uma mulher cansada do aborrecimento da sua vida com o namorado de 4 anos, Kristian (Frank Thiel), vem abalar por completo o seu mundo.


O filme divide-se em episódios, brevemente relatados por uma voz off como se aponta-se para a estrutura da “soap opera” do título, melodramática e irreal. Mas “En Soap”, a relação de Charlotte, uma mulher agressiva, aparentemente insensível e que diz aquilo que lhe vem à cabeça sem pedir desculpas, com Veronica, com Kristian e com os “one-night-stands” que leva para casa tem muito pouco disso, oscilando entre o ridículo e o doentio, ou seja, a vida real.


A estreia da dinamarquesa Pernille Fischer Christensen, que lhe valeu o prémio de melhor primeira obra na Berlinale de 2006, faz uso da previsibilidade da estrutura de base, com todas as lágrimas e tensão sexual que se exige, para contar, através de bons diálogos e boas personagens (em duas fortes e credíveis interpretações), uma relação de amor entre pessoas que vivem fora das convenções. Começando de uma forma hesitante, cada uma vai mostrando aos poucos a sua vulnerabilidade, mas também a sua força, evidenciando a necessidade de tomar decisões para romper com os ciclos de violência física e emocional e para construir aquilo que querem que seja a sua vida. Ao contrário do que Antony and the Jonhsons dizem na música ‘Cripple and the Starfish’, o afecto não se reflecte no sofrimento. E quem sofre é muitas vezes tão culpado desse ciclo como quem faz sofrer.


No final, é na gradual aceitação um do outro que todo o amor deixa de ser improvável.








CRIPPLE AND THE STARFISH
Antony and the Johnsons

Mr. Muscle forcing bursting
Stingy thingy into little me, me, me
But just "ripple" said the cripple
As my jaw dropped to the ground
Smile smile

It's true I always wanted love to be
Hurtful
And it's true I always wanted love to be
Filled with pain
And bruises

Yes, so Cripple-Pig was happy
Screamed "I just completely love you!
And there's no rhyme or reason
I'm changing like the seasons
Watch! I'll even cut off my finger
It will grow back like a Starfish!
It will grow back like a Starfish!
It will grow back like a Starfish!"

Mr. Muscle, gazing boredly
And he checking time did punch me
And I sighed and bleeded like a windfall
Happy bleedy, happy bruisy

I am very happy
So please hit me
I am very happy
So please hurt me

I am very happy
So please hit me
I am very very happy
So come on hurt me

I'll grow back like a Starfish
I'll grow back like a Starfish
I'll grow back like a Starfish
I'll grow back like a Starfish...