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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

Sunshine **1/2

18.04.07, Rita

Realização: Danny Boyle. Elenco: Rose Byrne, Cliff Curtis, Chris Evans, Troy Garity, Cillian Murphy, Hiroyuki Sanada, Mark Strong, Benedict Wong, Michelle Yeoh. Nacionalidade: Reino Undo, 2007.





O Sol está a morrer e a Terra enfrenta um Inverno glaciar. A única esperança reside numa equipa de oito astronautas e cientistas com a missão de fazer detonar uma bomba nuclear no centro do Sol para o reactivar. Sete anos antes, essa missão esteve a cargo da nave Icarus I, da qual nunca se chegou a saber o destino, apenas que não tinha conseguido o seu objectivo. Encontramos a equipa da Icarus II quando eles levam já 16 meses de viagem, com as inevitáveis tensões, que derivam de estar confinado num espaço limitado com as mesmas pessoas e com reduzidos estímulos sensoriais. No centro destas tensões está Capa (Cillian Murphy), o físico, e Mace (Chris Evans), o engenheiro. Após passarem Mercúrio, a Icarus II detecta a presença da desaparecida Icarus I. A hipótese de a inspeccionar e recolher a bomba para aumentar a capacidade da sua implicará uma mudança da sua trajectória em direcção ao Sol, decisão que o capitão Kaneda (Hiroyuki Sanada) coloca nas mãos de Capa.


Esta é uma missão suicida e eles sabem disso. Aliás, o próprio nome da missão/nave não parece um bom augúrio. E os devidos contratempos (alguns bastante previsíveis) virão aumentar a angústia e desespero da tripulação, onde se destacam ainda Corazon (Michelle Yeoh), a bióloga encarregue de manter o jardim de oxigénio; Cassie (Rose Byrne), o piloto; Trey (Benedict Wong), encarregue de todos os cálculos de trajectória e ajustamento dos painéis do escudo solar; e Searle (Cliff Curtis) o psicólogo, obcecado com as suas literais sessões de solário.


Em termos de atmosfera, “Sunshine” é irrepreensível. Danny Boyle (“Trainspotting”, “28 Days Later...”), em conjunto com uma sonoplastia sem falhas e a brilhante fotografia de Alwin H. Kuchler, consegue fazer do Sol uma verdadeira personagem. Infelizmente, a todas as outras é-lhes dado tão pouco tempo e substância que é difícil criar empatias. O argumento de Alex Garland (“The Beach”) faz-nos o favor de dispensar o clichés das relações amorosas, mas não nos poupa de outros clichés do género, ou mesmo a incongruências (como é que Capa seria o único habilitado para lançar a bomba?).


Visualmente, “Sunshine” é imenso e claustrofóbico, a merecer totalmente a experiência de um grande ecrã. Com grande probabilidade a memória da maioria levá-los-á até “2001: A Space Odyssey” de Kubrick: um computador com personalidade, monólitos finais (numa cena de outro modo totalmente dispensável), passando por uma forte (mas pouco explorada) vertente espiritual.


Em “Sunshine” questionam-se os sacrifícios feitos em nome de uma missão maior, assiste-se ao simbólico colapso da frágil e vingativa natureza perante a loucura do Homem, o Sol mistura-se com o conceito do divino, e, da mesma forma, o seu poder supremo é fonte de fascínio e obsessões. “Sunshine” balança entre a ciência e a fé. E é uma pena não pender mais para esta última.


NOTA: Teria gostado de ouvir o ‘Staring at the Sun’ dos U2 na banda sonora.






CITAÇÕES:


“So if you wake up one morning and it's a particularly beautiful day, you'll know we made it.”
CILLIAN MURPHY (Capa)




















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