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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

The Fountain ****

10.04.07, Rita

Realização: Darren Aronofsky. Elenco: Hugh Jackman, Rachel Weisz, Ellen Burstyn, Sean Patrick Thomas, Donna Murphy. Nacionalidade: EUA, 2006.





“The Fountain” é um filme difícil de explicar. Em última análise é uma simples história de amor. Mas é muito mais do que isso. “The Fountain” é profundamente espiritual e transcendentemente belo. Um filme especial. E surreal.


O realizador e argumentista Darren Aronofsky (“Pi”, “Requiem for a Dream”) reparte a narrativa em três momentos e espaços distintos: a época das conquistas quinhentistas, o presente e o futuro. Tomas (Hugh Jackman) é um conquistador espanhol em busca da Árvore da Vida no Novo Mundo a mando da Rainha Isabel (Rachel Weisz); Tom Creo é um cientista em busca de uma cura para o cancro na tentativa de salvar a sua mulher Izzi (novamente Weisz); Tommy é um ser do futuro viajando numa bolha transportando a Árvore da Vida para Shibalba, uma nebulosa que os Maias acreditavam ser o portal para um outro plano existencial.


É graças à sensível estética de Aronofsky e à fotografia de Matthew Libatique que se conseguem momentos tão belos e intensos como uma respiração no pescoço da pessoa amada. Os close-ups conduzem-nos ao centro da tragédia que se desenrola, e a força das interpretações, em especial a apaixonante profundidade de Jackman, tornam esta uma experiência de grande intimidade.


Cada um dos três ambientes está cuidadosamente criado, e Aronofsky consegue interligá-los sem perder a especificidade de cada uma das narrativas. Sem referências estanques a qualquer religião em concreto, estes três planos de existência estão unidos por um amor comum. Aqui, esse amor traduz-se numa mesma pessoa (Isabel-Izzi), mas, se quisermos ir mais longe, o amor, na sua essência, é algo muito mais universal. É ele o motor das acções, da vida. Salvá-lo para sempre é atingir a imortalidade. Mas, nessa busca incessante, é fácil ficarmos cegos perante aquilo que o presente nos oferece. E perante o carácter finito da viagem existencial que neste momento partilhamos surge a questão: será que o envelhecimento e a morte fazem parte da vida ou são – como é dito em certo momento – apenas uma doença para a qual ainda não encontrámos a cura?


Talvez estas divagações sejam a concretização do conceito que Aronofsky pretendia criar com este filme: o de “ficção científica metafísica”. Para mim “The Fountain” é uma aventura espiritual, simultaneamente serena e inquietante.




































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