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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

FamaFest 2007 - personal highlights

29.03.07, Rita

A minha selecção pessoal, de uma semana repleta de “good movies”.



O SONHO DO LOBO (WOLFSTRAUM)
de Maria-Anna Rimpfl (Alemanha, 2006)



Com base no folclore alemão, uma jovem desperta de um sonho aterrorizante, onde é perseguida por um lobo. Mas a realidade para a qual desperta ameaça ser tão ou mais assustadora que a do seu inconsciente. 15 minutos de angústia muito bem filmados.




PENUMBRA
de Gwynne McElveen (Irlanda, 2006)




Gwynne McElueen, uma irlandesa, relata a sua experiência de correspondência com Jim, um americano com um talento especial para o desenho - o seu herói é o Capitão Penumbra. 5 anos após o início desta “amizade por carta”, Gwynne decide visitar Jim. “Penumbra” relata o percurso, físico e emocional, entre duas pessoas, usando as palavras de ambos, mas sobretudo as de Jim, lidas por pessoas encontradas pelo caminho e que, não o conhecendo o tentam descobrir. Um filme sobre a necessidade de comunicação, e sobre o poder das palavras para construírem as verdadeiras pontes.




MAURITÂNIA: ANTIGAS BIBLIOTECAS NO DESERTO (MAURITANIA ANTICHE BIBLIOTECHE)
de Rossella Piccinno (Itália, 2006)




As palavras como caminho para o passado, como testemunho do nosso trajecto histórico. Manuscritos com centenas de anos jazem esquecidos naquilo que foram um dia prósperas cidades, um bem precioso que perece sob a fome devoradora do deserto e das térmitas. Um documentário extraordinariamente consistente e elucidativo acerca do abandono e da urgência de o redimir.

Uma amostra aqui.



PEQUENOS TORMENTOS DA VIDA
de Fabiano Sousa e Gilson Vargas (Brasil, 2006)




As palavras como caminho para o futuro, como causa e consequência do pensamento. Um documentário onde as palavras hábeis do escritor brasileiro Mário Quintana, utilizadas nas aulas, traduzem para as crianças um mundo que elas estão ainda a descobrir. Palavras que, pela sua própria originalidade e pelo seu poder, as fazem ir mais além. Afinal de contas, a mentira é apenas “uma verdade que se esqueceu de acontecer”.




BRECHT - A ARTE DE VIVER (BRECHT – DIE KUNST ZU LEBEN)
de Joachim Lang (Alemanha, 2006)




A vida do dramaturgo através das mulheres que fizeram parte da sua vida, da esposa às amantes, da filha às colaboradoras. Da Bavaria para Berlim Oriental, uma vida foi marcada pela extrema necessidade de uma independência intelectual, num documentário exemplar.




MARINHEIROS E MÚSICOS (MARINERS & MUSICIANS)
de Steven Lippman (EUA, 2006)




Um estilo de videoclip filosófico, palavras com música, imagens com poesia, a voz profunda e olhar intrigante de Rosanne Cash. A compositora e cantora filha do primeiro casamento de Johnny Cash faz uma viagem pela sua história familiar, onde o mar e a música se misturam.




TRÊS PEÇAS (DREI STÜCKE)
de Hubert Sielecki (Áustria, 2006)




Uma experiência visual em três partes. Sinalização: fazendo uso da linguagem dos sinais urbanos como forma de comunicação, imediata, eficaz e extenuante. Traços: através da pintura evidencia-se a repetição dos padrões de relacionamento. Uma pedra rola: a consequência interminável e circular dos acontecimentos. Um jogo em que imagem e palavra se unem musicalmente (efeito infelizmente prejudicado pela necessidade de ler as legendas).




DEBAIXO DO SOL (UNTER DER SONNE)
de Baran bo Odar (Alemanha, 2006)




No Verão de 1984, enquanto em Los Angeles decorrem os Jogos Olímpicos, e em África sucumbe perante uma gigantesca seca, Victor passa uns dias com a sua tia e a sua prima de 15 anos. Entre a descoberta sexual e a profunda angústia adolescente de não pertencer a sítio nenhum e não ser entendido por ninguém, Victor é obrigado a lidar com um medo traumático do seu passado. E nada como um trauma para superar outro.




FECHADO (VERSCHLOSSEN)
de Albert Radl (Alemanha, 2006)




Um homem encontra uma porta fechada e decide abri-la por todos os meios possíveis. Uma metáfora de 3 minutos sobre os drásticos caminhos da obsessão e dos reflexos negativos da violência.




O LOUCO, O CORAÇÃO E O OLHO (DER VERRÜCKTE, DAS HERZ UND DAS AUGE)
de Annette Jung e Gregor Dashuber (Alemanha, 2006)




Baseado num conto de Edgar Allan Poe e com um visual muito perto do delicioso gótico de Tim Burton, Ed conta-nos a história de como foi parar dentro de um colete de forças. A culpa de tudo foi do terrível olho do seu pai que lhe causava uma angústia insuportável. Para se livrar dessa ansiedade, Ed traça um plano infalível. Ou talvez não. O que estamos dispostos a fazer para destruir a (natural) ansiedade que é a vida?




SÓ QUERIA VIVER (VOLEVO SOLO VIVERE)
de Mimmo Calopresti (Itália/Suiça, 2006)




Impressionante documentário sobre o holocausto nas palavras de sobreviventes italianos. O seu relato desapaixonado, fruto da extenuante expiação a que devem ter sujeitados os seus fantasmas, consegue ser mais chocante que as duras imagens de arquivo reproduzidas. Sem sentimentalismos, porque a realidade é suficientemente escabrosa.





















































































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