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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

Little Children ****

08.02.07, Rita

Realização: Todd Field. Elenco: Kate Winslet, Patrick Wilson, Jennifer Connelly, Gregg Edelman, Sadie Goldstein, Ty Simpkins, Noah Emmerich, Jackie Earle Haley, Phyllis Somerville. Nacionalidade: EUA, 2006.





“Little Children” faz uma análise microscópica do que é estar preso num casamento insatisfatório, numa maternidade/paternidade que parece querer excluir todas as outras facetas, da angústia de se sentir despersonalizado, da culpa que é exigir mais, do que é julgar os outros e do que é ser julgado por eles, e por nós próprios.


Sarah Pierce (Kate Winslet) vive nos subúrbios com o marido Richard (Gregg Edelman). Sarah decidiu deixar de trabalhar desde que a filha nasceu, mas passados 3 anos ela ainda não se sente igual às restantes mães do bairro, que como ela, gerem o seu dia em função dos filhos. Quando Sarah conhece Brad (Patrick Wilson), também ele um pai dedicado quase inteiramente ao seu filho, Sarah redescobre-se para além da palavra “mãe”. Brad, que estuda para o exame da Ordem de Advogados, que já chumbou 2 vezes, é sustentado pela sua sexy e dominadora mulher, Kathy (Jennifer Connelly). A relação entre ambos, como símbolo da luta contra as normas sociais, não será isenta de consequências.


Paralelamente, Ronald James McGovery (Jackie Earl Haley), um pedófilo recentemente saído em liberdade condicional, regressa ao seu bairro e tenta reintegrar-se numa sociedade aterrorizada e julgadora. As duas narrativas interligam-se com suavidade através de Larry (Noah Emmerich), um polícia reformado amigo de Brad, que está decidido a erradicar Ronnie do bairro através de acções persecutórias.


O filme de Todd Field (“In The Bedroom”), baseado no livro de Tom Perrotta, faz pensar em “Happiness” de Todd Solondz, pela forma imparcial com que lida com as suas personagens, todas elas ocupando as matizes indistintas entre o certo e o errado, todas elas com falhas, todas elas humanas. A opção por uma narração participativa não dilui em nada a intensidade da acção filmada, antes pelo contrário, através desta voz omnipresente, a compaixão e o humor são permitidos surgir nos momentos mais imprevistos.


As interpretações são todas elas poderosas e sem overacting, desde a natural Kate Winslet a um sólido Patrick Wilson (“Hard Candy”), e passando pela extraordinária prestação de Jackie Earle Haley, simultaneamente terrível e frágil.


“Little Children” é um filme intenso, que mostra os pais como seres emocionais, com sonhos e aspirações, que, quando castrados como pessoas, podem dirigir involuntariamente o seu ressentimento contra os seus próprios filhos. Todd Field manuseia com sabedoria e humanismo todas as armas que nos trazem este conto sobre a intolerância e sobre as expectativas que nós criamos acerca do que deverá ser a felicidade ― raramente pensando naquilo que ela já é.






A felicidade é o momento.
























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