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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

A Good Year **

20.11.06, Rita

Realização: Ridley Scott. Elenco: Russell Crowe, Marion Cotillard, Albert Finney, Freddie Highmore, Didier Bourdon, Isabelle Candelier, Abbie Cornish, Tom Hollander, Rafe Spall, Archie Panjabi, Richard Coyle, Valeria Bruni Tedeschi. Nacionalidade: EUA, 2006.





Como actor, Russell Crowe desperta-me muito pouco interesse, e confesso que me tenho mantido muito pouco flexível nesta minha percepção. Porque razão resolvi então ir ver “A Good Year” quando, à primeira vista, parecia pouco mais do que um daqueles típicos homem-implacável-cuja-vida-gira-em-torno-do-dinheiro-dá-se-conta-de-que-a-sua-vida-é-vazia-e-sem-amor? Bem, por causa de Ridley Scott. Tinha a secreta esperança de que o dedo deste senhor torna-se as coisas mais interessantes. Mas não.


Max Skinner (Russell Crowe) herda uma vinha na Provença após a morte do seu tio Henry (Albert Finney). A sua primeira intenção é de vender a propriedade e poder continuar o seu trabalho em Londres como corretor, onde pode manipular à vontade o mercado e as pessoas que o rodeiam. Através de flashbacks vamos vendo que Max nem sempre foi um pulha insensível. Tempos houve em que o jovem Max (Freddie Highmore) aprendia grandes lições de vida do seu tio.


O argumento de Marc Klein, baseado no livro de Peter Mayle, um amigo de Ridley Scott e seu vizinho da Provença, onde Scott tem uma quinta há cerca de 15 anos, é um conjunto de clichés onde não falta todo o tipo de estereótipos, da empregada de mesa francesa sexy e temperamental (Marion Cotillard, a uma atractiva prima americana e possível concorrente à herança (Abbie Cornish, “Candy”), passando por uma assistente irónica (Archie Punjabi, “The Constant Gardener”), um melhor amigo (Tom Hollander, “The Libertine”), os encarregados da quinta (os franceses Didier Bourdon e Isabelle Candelier), e ainda com espaço para uma Valeria Bruni Tedeschi (“5x2”) que rouba toda a atenção que poderíamos colocar em Russel Crowe.


Apesar de bem filmado, o produto delicodoce que saiu das mãos de Ridley Scott, com a dose recomendada de tiradas românticas, serve para pouco mais do que um cartão de visita da beleza bucólica da Provença, do château que serve de cenário e da beleza embriagante de Marion Cotillard (“Jeux d'Enfants”, “Sauf Le Respect Que Je Vous Dois”).


O protagonista Russell Crowe é relativamente charmoso e divertido, mas quando entra no campo dos dilemas morais, deixa muito a desejar em termos de credibilidade. A sua falta de densidade é tanto mais evidente quanto melhores os actores com quem é “forçado” a partilhar o ecrá. Felizmente, “A Good Year” dá-nos a oportunidade de ver a bela (e equilibrada) contracena de Freddie Highmore (“Finding Neverland”, “Charlie and the Chocolate Factory”) e o sempre magestoso Albert Finney (“Big Fish”).


Se tiverem outras prioridades, “A Good Year” pode bem esperar por uma tarde chuvosa em frente à televisão.






CITAÇÕES:


“It is inevitable to lose now and then, the thing is not to make a habit of it.”
ALBERT FINNEY (Henry)

“I want a bottle of wine that tastes like you. And a glass that’s never empty.”
RUSSEL CROWE (Max Skinner)

“Je suis fou de tes lêvres.”
RUSSEL CROWE (Max Skinner)