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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

Where the Truth Lies ***

25.01.06, Rita

Realização: Atom Egoyan. Elenco: Kevin Bacon, Colin Firth, Alison Lohman, David Hayman, Rachel Blanchard, Sonja Bennett. Nacionalidade: Canadá / Reino Unido / EUA, 2005.





1972. Alison Lohman (“Big Fish”) é Karen O'Connor, uma jovem jornalista que está a escrever um livro sobre o misterioso caso de uma mulher, Maureen O'Flaherty (Rachel Blanchard), encontrada morta no quarto de hotel de um duo de famosos cómicos dos anos 50, Lanny Morris (Kevin Bacon) e Vince Collins (Colin Firth). Tentando discernir entre a versão oficial e os acontecimentos reais, Karen decide falar com os dois, acabando por ser seduzida por ambos, ainda que de forma distinta. Tanto Lanny como Vince têm as suas razões para manter a verdade escondida, o que apenas aumenta a determinação de Karen.


Surge uma comparação inevitável com a separação de Dean Martin e Jerry Lewis, sem o crime, claro. Adicione-se sexo, drogas, engano, traição, culpa, e uns quantos segredos e tem-se a receita de “Where the Truth Lies”. Um filme em que o crime funciona como metáfora à morte de uma amizade, uma relação complicada entre adoração e ciúme, alimentada por um fornecimento inesgotável de bebida, droga e mulheres.


Os anos 50 (mais do que os 70) são recriados com alguma mística, mas teria sido necessária uma maior atenção neste ponto, uma vez que o ambiente é de uma importância vital para transpor o espectador para dentro da acção.


A personagem de Lohman, ao contrário de Lanny e Vince, não é particularmente interessante, a sua suposta ambição contrasta grandemente com as suas atitudes crédulas e com a sua inocência. Mas Egoyan deu menos espaço a Lanny e a Vince do que deveria, duas personagens complexas, cheias de defeitos, mas que, apesar de tudo, mantêm um aspecto humano inegável. Além disso, preferiu centrar-se nos seus aspectos individuais, em detrimento da química como duo. Apesar de tudo, tanto Kevin Bacon como Colin Firth têm duas brilhantes interpretações.


Atom Egoyan optou por filmar esta história com constantes saltos temporais, que adicionam uma dose de caos a um film noir que já de si seria algo confuso mesmo se fosse contado linearmente. Ainda assim, os twists dramáticos e as dinâmicas de poder que se alteram ao longo da história conseguem levar-nos mesmo para além do momento em que o ritmo abranda.


Se esquecermos alguns atalhos que desafiam a credulidade do espectador, estamos perante um filme de grande sensualidade, com uma história interessante, com um bom título (“Onde reside a verdade” ou “Onde a verdade mente”?) e com dois grandes actores que, em última instância, são quem tira este filme da categoria trivial.