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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

Malas Temporadas **1/2

05.10.06, Rita

Realização: Manuel Martín Cuenca. Elenco: Nathalie Poza, Eman Xor Oña, Javier Cámara, Gonzalo Pedrosa, Leonor Watling, Fernando Echebarría, Pere Aquillué. Nacionalidade: Espanha, 2005.





Um jovem que decide abandonar o seu mundo e fechar-se no seu quarto, onde pode controlar tudo. Um emigrante cubano com problemas de legalização que deseja ir-se embora para os Estados Unidos. Um homem que acaba de sair da prisão, onde esteve 6 anos, e tenta recuperar um amor impossível. Uma mulher deficiente motora que luta contra uma vida que não a satisfaz. Uma mulher que ajuda refugiados, mas que parece incapaz de ajudar (ou sequer comunicar com) o seu filho seu filho adolescente.


Gonzalo (Gonzalo Pedrosa), Carlos (Eman Xor Oña), Mikel (Javier Cámara), Laura (Leonor Watling) e Ana (Nathalie Poza) são as personagens deste drama de infelicidades quotidianas, postos à prova por um mundo que os contraria com expectativas frustradas, desespero, solidão, desgaste emocional e doença.


Todos eles estão a passar por um período complicado das suas vidas, que não se sabe quando, e se, irá terminar. Mas todos eles irão precisar de ajuda para ultrapassar os contratempos que os bloqueiam, para poderem continuar com as suas vidas.


As diversas narrativas de “Malas Temporadas” interligam-se de uma forma bastante coerente, abdicando - ainda bem - do efeito surpresa que parece estar a tornar-se cada vez menos surpresa no tipo de filme-mosaico. No entanto, apesar dos sólidos personagens (com sólidas interpretações, nomeadamente de Nathalie Poza, Javier Cámara e Leonor Watling), a atenção dada às histórias é desigual, e Manuel Martín Cuenca deixa algumas delas sem uma resolução satisfatória.


O argumento de Cuenca e Alejandro Hernández quer que entendamos estas personagens sem a exigência de as explicar demasiado. Isso parece-me bem, até porque adiciona algum mistério às suas histórias pessoais. Mas é também esse argumento que, sem se aprofundar nos temas sociais aflorados, castra as manifestações de carinho que poderiam aproximar-nos da sua humanidade. E um grupo de bons actores é assim deixado à deriva num mar de melancolia que não raras vezes acaba por nos saturar de sentimentalismo.


Todos temos as nossas más temporadas, mas há que lutar por reagir, romper com as espirais negativas e subir à superfície, onde se respira muito melhor. Para encontrar o nosso lugar no mundo é preciso, antes de mais, aceitarmo-nos a nós próprios, com todas as fragilidades.